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segunda-feira, 18 de março de 2024

O racismo na esfera pública e privada

 

   O sociólogo americano Charles Wright Mills diz que todas as ações e pensamentos que os homens têm estão limitados às órbitas privadas que os mesmos habitam, exemplo esses sendo cenários próximos, como família e emprego, fora disso são apenas observadores e quanto mais tomam noção desse fato, mais presos se sentem. Durante a história da humanidade, esses cenários foram moldados por guerras e revoluções, transformando assim os ofícios dos homens na sociedade, e durante esses períodos os homens pouco têm consciência sobre suas posições no curso da história mundial, assim sendo incapazes de transformá-las.

   A partir disso, a imaginação sociológica consegue perceber o que acontece no mundo e compreende os minúsculos detalhes da história dentro da sociedade Nesse aspecto surgem as perturbações dentro do caráter do indivíduo e limitadas a vida social, de que o mesmo tem consciência direta e pessoal. Tal perturbação é um assunto privado, o qual está sendo ameaçado.

    Nesse âmbito observa como ambientes de pequena escala transformam-se uma parte da estrutura ampla da sociedade quando por exemplo, um problema pessoal como o desemprego vira um problema público, dessa forma sendo necessário que as maneiras de lidar com o problema sejam transformadas para resolver esse problema, agora considerando também instituições econômicas e políticas da sociedade.

    Diante disso, a escritora Grada Kilomba disserta sobre a falta de acesso de pessoas pretas em universidades, ao passo que tal fato ligasse a ideia dita por Mills na questão de problemas privados atingindo a esfera pública ao se perceber o racismo estrutural integrado em uma dessas instituições, no caso, a faculdade.

   A partir disso, Kilomba relata sua experiência no meio acadêmico, esse, afetado por episódios de racismo, como quando a mesma é questionada sobre suas habilidades e até sobre sua posição quando lhe é exigido um conhecimento sobre a língua alemã.

  Essas e outras experiências foram responsáveis para que Kilomba começasse a questionar quem pode e quem é silenciado no meio universitário e perceber como o seu caso, esse sendo privado, reflete-se na esfera pública ao passo que esse problema não é algo individual mas sim um reflexo do Brasil e suas raízes racistas.

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