Na era da virtualidade, da globalização e da ciência – ao passo que as doutrinas teológicas e metafísicas encontram-se com sua força mitigada pelo conhecimento e descobertas científicas –, era de se esperar que o momento atual representasse o auge da informação e do conhecimento científico na sociedade global. Entretanto, as redes sociais e o seu ambiente pouco monitorado, no qual a liberdade de expressão é ilimitada, propiciou a difusão, na verdade, da desinformação, bem como de fake news e de “opiniões” que são tratadas como fatos, além de comentários de cunho fascista, preconceituoso e ilegal, que acabam por se sobrepor ao vasto conteúdo legítimo de conhecimento cientifico e racional que há disponível hoje.
Graças
aos grandes estudiosos do século XVII é que a ciência se estabeleceu como
método e que possui atualmente tão vasto repertório de conhecimento e pesquisa,
tendo sido capaz de superar as teorias teológicas e metafísicas que dominavam o
pensamento humano em tempos anteriores. O filósofo empirista Francis Bacon
acreditava que o conhecimento científico e verdadeiro poderia ser obtido
através da interpretação da natureza, como experiência sensível e prática;
enquanto o senso comum se dava pela antecipação da mente, um labor apenas
intelectual e que não conduzia à verdade. Já o filósofo racionalista René
Descartes acreditava que o conhecimento poderia ser alcançado através de um
método científico racional que supera a superstição e ideias de magia ou
alquimia, rejeitando todo tipo de informação que possa ser minimamente
questionada. Assim, apesar de defenderem filosofias aparentemente dicotômicas –
a empirista e a racionalista-, seus estudos se complementam e fundamentam os
caminhos para a ciência e o conhecimento.
Contudo,
os estudos imprescindíveis dos filósofos e cientistas Francis Bacon e René
Descartes, juntamente com acontecimentos históricos marcantes que precederam o
século XXI, como a Segunda Guerra Mundial e a Terceira Revolução Industrial, processos
de inegável evolução nos ramos tecnológico e cientifico, e de aprendizado à
humanidade quanto ao modo com que ela deve se relacionar consigo mesma, após
esses casos de extermínio – da população judaica – e de exploração – da classe trabalhadora
-, não foram suficientes para que se consolidasse a priorização da ciência,
como um método legítimo tanto racional quanto empírico, frente ao censo comum,
que possui origens duvidosas e sem embasamento teórico e, como afirma Bacon, é
uma antecipação da mente, ou seja, antecipa um suposto conhecimento e não se
configura de modo algum como verdade.
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