“Temos traficantes de drogas vindos de outros países, temos estupradores, temos assassinos. Você acha que eles vão nos enviar suas melhores pessoas? A resposta é não."
"Os que estamos
recebendo são os senhores das drogas, estamos recebendo os membros da
gangue...”
"Eu iria construir
um muro. E ninguém mais entraria ilegalmente. Eu faria o México pagar por isso,
porque eles realmente extorquiram este país.”
Donald Trump,
ex-presidente dos Estados Unidos, não só proferiu falas que marginalizam os
imigrantes latinos, mas também incitou o sentimento segregatório na psique
norte americana, fomentando a discriminação racial direta. Nessa lamentável
circunstância, a obstrução imposta aos estrangeiros revela uma duplicidade
semântica, tendo em vista que Trump, a partir de seu intangível discurso
xenofóbico, provocou a aversão excludente ao latinos, bem como materializou seu
ódio e construiu um muro que separava os marginalizados estrangeiros dos
estadunidenses.
Analisando a postura de
Donald Trump, é imprescindível fazer uma alusão ao pensamento de Durkheim, pois
o sociólogo francês discorre sobre a influência coercitiva do fato social.
Afinal, essa questão exemplifica a atuação de forças exteriores ao indivíduo pautadas
de acordo com máximas puramente morais. Outro ponto notório corresponde à
caracterização da ideologia como coeficiente que distancia a ciência das
realidades. Logo, as pré-noções extrínsecas à psique humana obstaculizam a
busca pela verdade científica.
Outrossim, para Durkheim,
a “Solidariedade” é compreendida como um artifício que promove a coesão e a
harmonia na humanidade, inibindo a vigência do estado de anomia, o qual
corresponde a uma desordem nas convenções normativas sociais. Assim, há uma
bifurcação da “Solidariedade Durkheimiana” em duas vertentes, sendo elas, a Solidariedade
Mecânica e a Solidariedade Orgânica. O primeiro âmbito proposto pelo sociólogo
consiste em um estágio primitivo de teor punitivo, desse modo, a Solidariedade
Mecânica é constituída pelo medo e pela penalização. Divergindo da perspectiva
preambular, a Solidariedade Orgânica ressalta o caráter restitutivo e teórico
do Direito. Vale frisar que, de acordo com o pensamento de Émile Durkheim, a
resistência é interpretada como a gênese das reações punitivas que buscam
evitar a anomia e manter a harmonia social, a qual, em análises contemporâneas,
possui efeitos deletérios e segregatórios.
Portanto, o movimento
migratório - consequência da submissão dos estrangeiros ao estado de
precariedade e vulnerabilidade – pode ser interpretado como um exemplo de
anomia, tendo em vista a proposta de Durkheim. No momento em que Trump rotula
os latinos como “traficantes”, “estupradores” e “assassinos”, o ex-presidente
norte americano inferioriza os imigrantes a uma condição depreciativa, alegando,
lamentavelmente, que o abalo à ordem social estadunidense foi provocado por
eles. Consequentemente, elucidando as punições arcaicas presentes na Solidariedade
Mecânica, é imprescindível reiterar como a construção do muro que separa os
moradores dos Estados Unidos dos marginalizados latinos formaliza uma pena
concreta, a qual, ilusoriamente, tenta instituir a supremacia estadunidense.
Disponível em: https://istoe.com.br/imigrantes-chegam-ao-muro-de-trump-e-venezuelanos-fogem-para-o-brasil/ Acesso em: 22 mai. 2022.
Maria Yumi Buzinelli Inaba – Direito Matutino
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