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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Sobre como o indivíduo se sobrepôs à coletividade

         Weber se distancia do pensamento de Durkheim, pois, para este, as ações dos seres humanos podem ser previstas, visto que não há nelas individualidade. Essa falta de individualidade, para ele, é resultado do “fato social”, conceito que designa algo externo ao indivíduo capaz de forçá-lo a realizar certas escolhas e agir de determinada forma aceita por seu grupo. Weber não concorda com esse pensador, pois acredita que os seres humanos são sim dotados de individualidade ou personalidade e, portanto, suas ações não podem ser previstas.
         Por exemplo, para Durkheim, nós podemos prever que o Congresso Nacional, hoje composto por uma maioria conservadora, tomará decisões tidas como conservadoras. Segundo Weber, é impossível prever quais serão as decisões tomadas por um grupo, pois os indivíduos que pertencem a ele possuem uma gama de possibilidades de ações. Desse modo, não seria estranho se o Congresso acabasse tomando uma decisão liberal, afinal, é composto por seres humanos e estes podem dar à sua ação um sentido completamente diferente daquele que esperamos.
       

  Toda a sociologia de Weber gira em torno do indivíduo. Este tem o poder de escolher entre as inúmeras opções que lhe são dadas antes de realizar uma ação. Não é possível criar leis capazes de determinar qual escolha uma pessoa realizará baseando-se no grupo social no qual está inserida. O sociólogo só é capaz de estudar uma ação e dar uma explicação plausível a ela, ele pode explicar a intenção do indivíduo, mas nunca prever como ele agirá, pois pessoas diferentes, que fazem parte de um mesmo grupo social, e estão inseridas em um mesmo contexto histórico, podem agir de formas diferentes. A coerção que a coletividade exerce sobre um indivíduo não é capaz de minar sua individualidade.
       A sociologia de Weber também se distancia do materialismo dialético de Marx, segundo o qual, mesmo que possam ter vontade de mudança, as pessoas agem de acordo com o condicionamento da organização da produção. Para Marx, basta conhecer o cenário das relações de produção, que será possível determinar as ações dos indivíduos, seja da classe dominante, ou da dominada. Weber, por sua vez, acredita que o desenvolvimento das relações sociais está apenas no campo das probabilidades e o cenário pode apenas nos dar uma ideia do que acontecerá, mas não determinar as relações entre os indivíduos. Nesse contexto, relações sociais, para Weber, são ações sociais, realizadas por atores, que se intercruzam. Quanto mais moderna uma sociedade, mais complexa é a rede de ações que se interpenetram, e, portanto, mais complexas são as relações sociais.
        Ante o exposto, conclui-se que, diferentemente de Durkheim, ou de Marx, Weber não é determinista. Nada, nem o meio, nem as relações de produção, nem mesmo a coercitividade da coletividade, é capaz de determinar a ação de um indivíduo. O sociólogo, portanto, para Weber, deve se limitar a analisar tal ação e explicá-la, nunca prevê-la.

Beatriz Mellin Campos Azevedo - 1º ano diurno






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