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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Sutiã: a menor burca do mundo



Sutiã: a menor burca do mundo



Max Weber (1864-1920) é considerado um dos fundadores da sociologia como a entendemos atualmente. Segundo Gabriel Conh, professor de ciências sociais da USP, Weber não simpatizava com modos de pensamento que enxergassem a sociedade como uma espécie de corpo objetivo existente (com um caráter, portanto, quase corpóreo) em relação a qual os indivíduos fossem dependentes ou apêndices dessa grande organização.
Ou seja, para a teoria weberiana o objeto de estudo da sociologia tem como foco primordial o indivíduo. Os outros aspectos organizacionais da sociedade (como o Estado, e a Nação) são resultantes da ação social individual de cada ente da sociedade – esta é uma das grandes disparidades de sua teoria em detrimento da de Emilé Durkheim.
Em relação ao individuo, Weber afirma que este é fortemente influenciado pelo ambiente a qual se encontra, e que “pondera e escolhe, entre os possíveis valores em questão, aqueles que estão de acordo com sua própria consciência e sua cosmovisão pessoal”.
Esse ponto de sua teoria pode ser utilizado na ilustração de várias questões pulsantes, dada sua grande polemica, da atualidade. Uma dessas questões, por exemplo, é o uso da burca, (veste que cobre todo o corpo e o rosto, deixando somente um espaço para a visão) utilizada pela maioria das mulheres do oriente médio.
Esta vestimenta é entendida pelas mulheres do ocidente (que não a utilizam) grosso modo, como um instrumento de opressão, pois, revela a dominação masculina sobre o corpo e modos de conduta femininos.
Esse entendimento em relação a veste das mulheres do oriente é feita a partir da utilização de valores ocidentais sobre a questão. Baseando-se nestes valores, e sem considerar os aspectos próprios da cultura do oriente médio (como a grande influencia da religião, o costume que impera milenarmente) faz-se um juízo de valor sobre a utilização da burca.
Este exercício para a teoria weberiana prejudica a objetividade de uma pesquisa. O pesquisador deve analisar a questão que se propõe a estudar, a partir dos valores de seu objeto de estudo. Ou seja, não fazendo um juízo de valores sobre o mesmo, afirmando que tal aspecto ou comportamento é atrasado, selvagem, bárbaro e etc.
A burca pode ser entendida pelas próprias mulheres que a utilizam (e este seria o exercício proposto por Weber) como um traço marcante de sua cultura, ou uma característica de sua religião, ou até mesmo como um costume milenar que as mesmas possuem que as caracterizam, na medida em que, as distinguem de outras mulheres do globo.
Mas esse exercício de julgamento de valores também pode ser realizado pelas mulheres do oriente sobre aspectos da cultura ocidental, por exemplo, a partir da utilização destas ultimas mulheres de uma roupa intima: o sutiã.
Se pautado nos valores orientais, o sutiã é um instrumento que tem sua utilização imposta pelo publico masculino, muitas vezes fazendo com que a mulher seja constantemente sensualizada e erotizadas.

O interessante dessa comparação é que tanto o sutiã quanto a burca, se pautados nos valores orientais e ocidentais, respectivamente, são vistos como algo que oprime o publico feminino, concepção que na maioria das vezes, não condiz com a opinião de quem aos utiliza. Faz-se o convite, a partir da teoria de Max Weber, de possuir um olhar sensível as características e particularidades da cada sociedade, aspectos ou questão que se analisa. Olhar esse que não é somente necessário aos pesquisadores científicos, mas para os indivíduos como um todo, para que ao entrar em contato com pontos característicos de outra cultura, (que estão presentes em um individuo), não seja feito um juízo de valores que além de incoerentes, são sobre tudo injustos. 

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