Alguns pensadores defendem a opinião de que a ciência social
não deve ser baseada em pilares político-ideológicos. Ciência social esta que
tem função essencial de compreensão do sentido da ação social. Para Max Weber,
grande pensador do século XX, utilizar-se de ideologias políticas, podendo
essas serem conservadoras ou revolucionárias, na pesquisa científica no campo
da ciência social, é utilizar-se de regras monológicas, como nas ciências
exatas ou biológicas. Esse modelo é problemático pois não convence o suficiente
acerca da motivação do interesse individual em buscar compreender as ações
sociais e se, no futuro, esse conhecimento não terá uso prático para atuar na
sociedade. A atuação na sociedade é feita a partir do cenário político. Logo,
nesse modelo, a atuação caberia a outro indivíduo, que poderia ou não utilizar
o conhecimento na mesma visão e para os mesmos fins que aquele que fez a
pesquisa.
Para Weber, a compreensão da ação social como um todo seria feita
de forma ideal quando se entendesse profundamente as características da conduta
dos indivíduos: sua origem, suas contradições, sua pluralidade. Isso porque o
pensador acredita que o indivíduo é o elemento principal na construção da
mudança social. Essa visão vai de encontro com a teoria marxista, que acredita
que o modo de produção e reprodução capitalista é que são o determinante
social. Weber não prevê um único determinante social devido à complexidade da
realidade concreta e suas diversas faces e valores, que são anteriores aos
modos de produção. Dessa forma, a crítica ao materialismo histórico se dá na
afirmação de que esse modelo é dogmático, impositivo e determinista dos
diversos fenômenos sociais.
Apesar do ensinamento de que ampliação teórica, foco no
indivíduo e diversidade de ações sociais são o caminho para que nenhum elemento
essencial na pesquisa seja ignorado, o método de Weber se mostra
particularista, idealista e insuficiente em resolver questões mais profundas da
sociedade contemporânea, que é complexa e cheia de contradições. Há demasiada
relativização do concreto quando se foca nos valores dos indivíduos na busca de
respostas mais profundas. Isso se apresenta como se fosse ignorar injustiças,
visíveis ou não, que certos atores sociais promovem de forma material sobre
outros indivíduos. A imposição de crenças e valores, por exemplo, parece
natural do indivíduo, mas é específica de uma classe sobre outra mais
fragilizada socialmente.
Gabriela Alves Fontenelle
Direito - noturno
Gabriela Alves Fontenelle
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