Max Weber, intelectual alemão, é considerado um dos fundadores da sociologia. Para ele a função essencial da sociologia é a compreensão do sentido da ação social, que ele classifica em quatro tipos: 1) ação racional com relação a um objetivo 2) ação racional com relação a um valor 3) ação afetiva ou emocional 4) ação tradicional. De acordo com Weber, o indivíduo escolhe as ações e os valores a serem seguidos.
Defendendo a tese das ações sociais, Weber critica a ideias de determinismo, onde as ações dos indivíduos seriam completamente predeterminadas pelo meio e liberdade de escolha seria algo ilusório. Para Weber, essas ações dos indivíduos não podem ser predeterminadas pois depende da escolha de valores. Essa escolha de valores, porém, não é exclusivamente consciente, ela sofre influência das relações e do meio no qual o indivíduo está envolvido. Sofrer influência tem uma diferença muito tênue de ser determinado.
Essa escolha de valores descrita por Weber se ilustra muito bem na criminalidade. A concepção social acerca da entrada na criminalidade é de que o indivíduo tem plena escolha e consciência de entrar para uma vida de crime. Porém essa escolha não é puramente consciente e lúcida. Vejamos assim, um jovem de classe média e um jovem de periferia teoricamente tem as mesmas escolhas, ir para o crime ou estudar para conseguir um emprego. O jovem de classe média porém possui apoio familiar, estudou em uma boa escola e conseguiu entrar numa faculdade, é quase certo que ele vá conseguir um bom emprego, e por mais que encontre algumas dificuldades, tem todo o suporte e o caminho praticamente traçado para atingir seus objetivos. Quando para esse jovem se apresenta a escolha de entrar para o crime ou conseguir um emprego, a opção do crime se torna uma opção muito distante, pois ele sabe da imoralidade disso e não vê a necessidade dessa opção, já que a outra opção se apresenta como algo tão mais certo e seguro. Agora, para o jovem de periferia, as opções se mostram de forma completamente invertida. Pegando um exemplo de um jovem sem estrutura familiar, miserável, em condições de sobrevida, a opção que se demonstra completamente distante para ele é a opção dos estudos para conseguir um emprego, já que nunca foi apresentado a ele uma base segura para isso, é uma realidade muito distante; assim, a criminalidade se apresenta como uma opção muito mais viável, já que é aquilo que ele vê todo dia na sua realidade, e apesar de entender os riscos disso, é a opção mais certa para ele. Ambos os casos se manifestariam com uma ação social com relação a um objetivo, mas se manifestam de maneiras completamente diferentes e muito impulsionadas pela desigualdade social (http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-relacao-entre-desigualdade-e-criminalidade). Essa é a questão central da sociologia de Weber, analisar as ações sociais com as suas peculiaridades. É importante salientar que, mesmo com essa influência do meio e da situação que o indivíduo vive, nada impede que os indivíduos no caso escolham os outros caminhos, como inclusive vemos não raramente em nossa sociedade.
Relacionado as ações, Weber também elabora a utilização de um “tipo ideal” que seria uma ferramenta para análise do real, que generaliza e simplifica a realidade. A partir disso, analisa-se os fenômenos e identifica-se se eles se desviam desse tipo ideal.
O interesse de Weber com a sociologia não é encontrar regras gerais que expliquem e se apliquem as ações sociedade como um todo, mas sim analisa-la dentro de suas conexões de sentido, caracterizando a sociologia como algo que busca uma crítica ao mundo e não o domínio dele.
Caroline Setti
1º ano - Direito Noturno
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