São dois os aspectos mais relevantes na obra de Max Weber
"A 'objetividade' do conhecimento na ciência social e na ciência
política": a determinação da melhor forma de se fazer ciência e a crítica
ao determinismo econômico, fundado pela corrente sociológica marxista.
Sobre o primeiro aspecto, Weber escreve claramente:
"Uma ciência não pode ensinar a ninguém o que deve fazer; só lhe é dado o
que quer fazer. É verdade que, no setor das nossas atividades científicas,
continuadamente são introduzidos elementos da cosmovisão pessoal, bem como na
argumentação científica. Eles sempre causam problemas, fazendo com que nós
atribuamos pesos diferentes na elaboração de simples relações causais entre
fatos, na medida em que o resultado não aumenta ou diminui a possibilidade da
realização de nossas ideias pessoais". Dessa forma, segundo a análise do
autor, é na tentativa de realização de vontades internas que o cientista social
- tão próximo de seu objeto de estudo - atribui juízo de valor em suas pesquisas,
atrapalhando a objetividade do conhecimento.
Para Weber, portanto, dever-se-ia buscar a
universalização do conhecimento científico, esclarecendo veementemente que o
sujeito da ação é carregado de valores, assim como o cientista social e, nessa
análise, o objetivo é justamente compreender a ação social por suas intrínsecas
propriedades, como uma lei casual passível de entendimento através da racionalidade.
Para tanto, o certo seria o afastamento de estudos relacionados a axiomas pessoais
estabelecidos pela fé e pelas ideias éticas, buscando a maior aproximação
possível com o material de conhecimento empírico. Dessa forma, ter-se-ia explícita
a cosmovisão do autor em questão – influenciada pela afinidade deste com o seu ‘interesse
de classe’ – mas com o necessário distanciamento do conceito unívoco que
atrapalha a objetividade da ciência.
A maior importância disso é na tentativa de excluir um
denominador comum na ciência – efetivado pela doutrina marxista através do
materialismo histórico. Para Weber, o estabelecimento de ideias universalmente
válidas seria impossível e fatalmente responsável por dogmas que não se adequam
ao estudo da Sociologia. Para o autor, diversos fatores, é verdade, tais como a
Infraestrutura Econômica proposta por Karl Marx, poderiam sim influenciar culturalmente
os indivíduos, mas jamais determiná-los por inteiro. Vê-se a clareza com que
Weber faz essa análise no seguinte trecho da referida obra: “Os aspectos ‘econômicos’
de um fenômeno não são apenas ‘economicamente condicionados’, nem apenas ‘economicamente
eficazes’, e que um fenômeno só conserva a sua qualidade de ‘econômico’ na
estrita medida em que o nosso interesse está exclusivamente centrado no seu
significado para a luta material pela existência”.
Assim, é nessa análise de crítica à exclusão da
subjetividade presente nas ações sociais que se pauta a tirinha da Mafalda,
exposta abaixo: a significação cultural, mais do que o estabelecimento de uma
Lei Universal para as relações sociais, tem extremo rigor e valor científico,
isto é, o indivíduo é sempre dono de si e condutor de seu futuro. Um exemplo
claro disso é como há, em sociedades muçulmanas, poligâmicas e não pautadas
pelo capitalismo de classes, uma forte presença da ideologia machista, sendo
esta, portanto, um valor cultural que não pode ser explicado unicamente pelas
bases econômicas, como propõe Marx (a quem Weber considera um idealista).
Ainda como mostrado na tira, Marx, ao estabelecer um denominador
comum, exclui de todas as relações sociais a possibilidade de influência de
outros fatores individuais e contextuais. Weber, então, combate esse método do
materialismo histórico e dialético propondo que as Ações Sociais – em seus
diversos tipos – devem ser estudadas com base no parâmetro dos Tipos Ideais. Esses,
por sua vez, devem ser entendidos como uma ferramenta metodológica de análise
que, apesar de utópica, não pode ser encarada como um dever-ser, mas como algo
objetivamente possível. Assim, os Tipos Ideais e os instrumentos científicos para
a construção da ciência não seriam – como foram outrora – fins em si mesmos,
mas sim, exclusiva e unicamente um meio para o conhecimento objetivo e
universal, porém entusiasta da subjetividade evidente em várias Ações Sociais.
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