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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Consciência coletiva


Determinar qual o objeto de estudo da sociologia e estipular os caminhos para analisá-lo foi um dos principais temas abordados pelas ciências sociais do século XIX. Coetâneo à Marx, Émile Durkheim inovou ao apresentar os mecanismos que regem a sociedade de forma a apresentá-la como fator-chave de sua análise, assim como Comte já o havia feito, permitindo-lhe classificar seu pensamento como pós-positivista ao remontar o filósofo francês.
Durkheim descreve o processo se socialização humana como fator primordial para a inserção dos indivíduos num meio comum, de forma que todos passem a absorver em seu cotidiano determinados preceitos pré-estabelecidos, a fim de orientar o comportamento dos homens. Tais preceitos são classificados como fatos sociais, que se referem a tudo que é exterior ao próprio indivíduo, mas que visa à determinação de certas regras sociais que têm por fim a formação de uma consciência coletiva. O individualismo é posto em cheque diante da generalidade, coercitividade e da exterioridade das regras impostas pela própria sociedade, que passam a constituir um fato social diante da impossibilidade de se fugir das mesmas. Como regras morais e condutas hereditárias, seja no modo de educação familiar, ou nos costumes de se vestir, alimentar e se relacionar, os fatos sociais atuam de modo a organizar o convívio entre semelhantes, sobretudo ao apresentar um caráter punitivo aos que tentam desrespeitá-los.
Com o desenvolvimento tecnológico característico do século XXI, a coercitividade encontrou meios mais eficazes de se efetivar, de modo que a generalidade fosse obtida mais rapidamente. A mídia representa hoje a via principal para disseminação de informações, que, ao introduzir padrões difundidos na população, garante a exterioridade para enfim constituir um fato social. Durkheim, porém, analisava os fatos sociais sob uma ótica positiva, como necessários para o estabelecimento da ordem e para o bom regimento da sociedade.  As regras morais defendidas pelo sociólogo no século XIX apresentam hoje constante contestação diante do vinculado pela indústria cultural, que frequentemente apresenta situações de desrespeito aos direitos humanos e aos valores morais. O combate aos falsos ídolos, já elucidado por Bacon, é elemento primordial na aquisição do conhecimento pleno e na fuga do falso. Para tanto, cabe à própria sociedade selecionar o verídico diante de todo o conteúdo midiático, impedindo que novos fatos sociais provoquem a massificação da consciência humana.  
Luisa Loures Teixeira - Direito Diurno

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