Falando especificamente, das cotas raciais, elas foram criadas para corrigir uma injustiça histórica praticada contra o povo negro que além de ser escravizado, na sua “libertação” foi mantido empobrecido e discriminado como cidadãos de uma espécie secundária, inferior. Ajudam nesta visão diversas “teorias e/ou hipóteses gênicas” criadas ao longo da história com o objetivo de determinar a supremacia de um povo sobre outro, ou de uma raça sobre a outra.
Na palestra que vimos, os expositores ressaltaram a discriminação existente até hoje no Brasil e o extermínio de jovens negros na periferia, tratados pela polícia como marginais, muitas vezes, sem sê-los. Também, é fácil mostrar o quanto essa discriminação é clara em diversas dimensões da sociedade no dia-a-dia, como no mundo do trabalho, levando em conta o percentual de negros da população,raramente voce enconra pessoas genuinamente negras trabalhando no sistema financeiro ou atendendo nos aeroportos ou em joalherias e lojas de grandes marcas no shopping, só citando esses como exemplos. Isso por si só, é suficiente para quebrar o falso discurso de que vivemos em uma democracia racial.
Uma frase que Rui Barbosa consagrou em um de seus célebres discursos: “Fazer igualdade é tratar diferentemente, aqueles que não são iguais.” É óbvio que as condições de acesso à Universidade e a concursos públicos, não são iguais para pobres e ricos e nem, para brancos e negros, na sua enorme maioria, historicamente empobrecidos e com pouca chance de prosperidade real. Sendo assim, é legítimo e justo o Estado criar políticas públicas afirmativas para possibilitar o acesso de jovens negros ao ensino universitário através do regime de cotas , e também, as melhores universidades do país, como é o caso da UNESP.
No caso das cotas para o ingresso nas universidades e para o ingresso no serviço público; existem aqueles que defendem o fim desse tipo de política afirmativa alegando ser esse um privilégio que leva à desigualdade na competição pelas vagas. Por outro lado, diferentemente de outras épocas de nossa história, aqueles outros que levantam suas vozes favoráveis à manutenção da política de cotas estão fortes, bem organizados e “falam alto” nesta defesa, corrigindo uma injustiça histórica e melhorando a nossa civilização. Acrescento aí que, mudar isso, leva à uma “regressão de direitos”, prática não permitida em nossa legislação, como nos ensinou a professora Isadora Beatriz da disciplina de Direitos Humanos, embora o assunto não fosse relacionado a discriminação.
Francis bacon, filósofo e um dos “fundadores” da ciência moderna tem uma frase célebre sobre isso: “Esses negros sofrem tanta discriminação...” , e mais tarde, num outro trecho de sua obra falando de forma geral, defendia que “o comportamento humano é contagioso” , ou seja, na raça humana, um comportamento preconceituoso se multiplicará se não for eliminado. E como eliminar o preconceito? Para eliminar os preconceitos de qualquer ordem defendia Francis Bacon que a chave seria o Conhecimento e, este, deve ser proporcionado pela Ciência, só assim os preconceitos finalmente seriam superados e extintos.
René Descartes é outro filósofo que influenciou a Ciência Moderna, também acreditav que a mudança social e as respostas aos problemas da humanidade viriam da ciência, todavia se considerava superior e soberbo mas quando se manifestou sobre o preconceito o definiu como especismo e, especismo é inaceitável, defendia ele sobre poder usar animais -como cachorros - para experiências onde eram dissecados vivos e destruir
parte da flora: “lembrar especismo é lembrar discriminação, aquilo que é inaceitável”. embora sua crítica, naquele contexto, fosse aos que criticavam o uso da fauna e da flora para experiências , cabe bem no nosso tema a crítica que Voltaire lhe fez: ”Será porque falo que julgas tenho sentimentos, memória, pois bem calo-me.” René Descartes, entendia os animais como seres inferiores e, por conseguinte, à disposição do homem para atender-lhe a todas as necessidades. Podemos usar esse exemplo como uma analogia pertinente para entender a especificidade do pensamento de algumas pessoas que assumem que discriminam os que, em aparência, iguais à elas não são.
Rubens Chioratto Junior - noturno
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