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segunda-feira, 28 de junho de 2021

O conhecimento estéril e o racismo

 A classe média branca brasileira conseguiu dominar os espaços nas

Universidades, visto que possuía privilégios como livre acesso à cultura, a

política e ao capital. A construção dessa classe foi pautada a partir de

oportunidades exclusivas como a reserva do trabalho formal para imigrantes

europeus, majoritariamente brancos, que chegaram no Brasil a partir do século

XIX. Nesse sentido, a população negra, vítima de violências sistêmicas, era

ínfima em ambientes acadêmicos, já que o acesso a esses locais era

dificultoso. Dessa forma, a produção de conhecimento passava

predominantemente por pessoas brancas e com alto poder aquisitivo.

Essa exclusividade ao capital cultural e educacional era de certa forma

desassistida pelo Estado até 2012, ano em que se instaurou a Lei de Cotas,

ação afirmativa de extrema importância para a inserção da comunidade negra

no ensino superior. Essa política pública não deveria possuir um período de

duração e sim ser determinada pela eficiência na resolução do problema em

questão: a desigualdade. A revisão de cotas é mais uma violência contra os

negros e pobres, os quais apesar de serem a maioria social, foram submetidos

a uma condição de subcidadania.

Segundo a ótica cartesiana e baconiana a ciência deve possuir um caráter

transformador e deve intervir para que se consiga atingir o bem-estar social.

Contudo, na modernidade, a ciência do Direito passou a se relacionar com a

economia. A capacidade de uma classe social acumular capital se relaciona

com as formas jurídicas que garantam a dominação sob outras. Nesse

contexto, a classe média branca não possui interesses em destruir as bases do

Estado capitalista, desigual e supremacista branco que favorece o “monopólio”

e o acúmulo do saber, que para Francis Bacon é uma ferramenta importante

para o poder.

Em síntese, os operadores do direito possuem papel crucial na modificação

das estruturas racistas. É válido lembrar que o conhecimento que não

transforma é simplesmente contemplativo e estéril. A esterilidade do

conhecimento acerca do racismo contribui para a necropolítica, responsável

pela morte de milhares de jovens negros. Logo, é importante que o estudo

acerca das necessidades da comunidade preta e parda não se mantenha

apenas no discurso, mas que seja um impulso para a verdadeira mudança.

Não sejamos como os gregos na visão de Francis Bacon.



Lorena Prado Silva - 1° Semestre - NOTURNO

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