René Descartes em sua obra "O discurso do método", afirma que o bom senso é a coisa
mais bem distribuída no mundo. Cada indivíduo acredita ser bem provido dele e ninguém
deseja possuí-lo mais do que já possui.
O poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, denominado bom
senso é igual em todos os homens. No entanto, essa afirmação do autor não condiz com a
realidade vivida no Brasil no século XXI. Em 2022 será realizada uma discussão acerca da
manutenção da política de cotas no país.
A parcela da população que deseja o fim da política parace não compreender que a
população negra constitui mais de 50% da população brasileira e que o país foi o último a
decretar o fim da escravidão, sem nenhuma política de integração dos negros libertos a
sociedade. O Brasil conseguiu aprofundar o aparthaide, já que criou ambientes em que os
negros não tem acesso a condições básicas para uma vida digna e suas direitos
fundamentais lhes são negados constantemente.
É preciso compreender que o racismo no país é sistêmico, ele foi o responsável pela
estruturação de uma sociedade na qual os negros não tem acesso a uma série de
privilégios e pela replicação do racismo em diversos setores, ele funda, réplica e estrutura a
condição dos negros na sociedade brasileira.
Foi apenas em 2012, que o governo brasileiro adotou políticas afirmativas no formato de
cotas, esse lapso temporal mostra mais uma vez o descaso do Estado perante a população
negra. É impossível falar do fim das políticas afirmativas enquanto a assimetria social
continuar presente na nossa sociedade. O bom senso que Descartes afirmou existir em
todos os homens, falta em alguns brasileiros que não enxergam além de suas bolhas e
realidades quadradas. Não foram os negros que "inventaram" o racismo, não sendo tarefa
apenas deles combate-lo, cabe a população não-negra se juntar a luta, rompendo a bolha e
lutando pela manutenção da política afirmativas enquanto as diferenças permanecerem.
Ellen Luiza de Souza Barbosa
Turma XXXVIII Noturno
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