O movimento negro no Brasil se inicia ainda durante o sistema escravagista como uma denúncia contra a objetificação e desunamização de vidas pretas. Em 1888, após uma trajetória de lutas, conquista-se a Lei Áurea, responsável por abolir a escravidão mas não a fome, o desabrigo, o desemprego e o preconceito.
As mazelas deixadas pela desestruturação desta lei permanecem ainda nos dias atuais, em que os pretos são vítimas do racismo sistêmico, aquele que funda, estrutura e replica a descriminação. Com esse cenário, uma das conquistas do movimento negro é a lei de cotas que, sancionada em 2012, reserva no mínimo 50% das vagas das instituições federais de ensino superior e técnico para estudantes de escolas públicas, que são preenchidas por candidatos pretos, pardos e indígenas, buscando a possibilidade de justiça social, de divisão de riqueza e de poder do Estado, já que o acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade é muito mais acessível às classes médias, altas e brancas e que por isso controlam o Estado, a política e a sociedade.
10 anos após sua publicação, em 2022, prevê-se sua revisão. A Lei, no geral, funciona como um mecanismo para alcançar a isonomia, as políticas de ação afirmativas no formato de cotas são para minorias étnicas raciais, acomodadas num processo econômico, político e social... mas, contraditoriamente, no Brasil existem 117,9 milhões de pretos e pardos, maioria na população. Assim, mesmo que os números dessa maioria nas universidades esteja subindo, não é proporcional a quantidade dos mesmos na sociedade.
À luz do pensamento de René Descartes, jamais devemos nos deixar convencer exceto pela evidência de nossa razão, razão essa que prega dados e fatos concretos, por exemplo, segundo o Anuário de Segurança Pública, 70% dos presos no Brasil são negros, explicitando a estrutura social brasileira.
Juntamente a isso, Francis Bacon defende que o intelecto humano é prejudicado pela obtusidade da incompetência em que a observação não ultrapassa os aspectos visíveis… assim, que a sociedade e seus representantes sejam capazes de enxergar além dos dados de “melhoras”, já que existe uma raiz histórica que é perpetuada até os dias atuais com a desigualdade entre as raças. A partir disso, espera-se promover não apenas a inclusão desta maioria invisibilizada nas universidades, mas sim o reconhecimento e valorização da luta e história negra, e principalmente que nunca existiram “esmolas” e sim correções históricas para que os negros, com sua luta, conquistem seus lugares na sociedade
“Nunca age, nunca fala
Que a melanina vira bengala
Só porque fugimos da senzala
Querem dizer que nóiz é mó mala
Abre alas, tamo passando
Polícia no pé, tão embaçado
Orgulho preto, manas e manos
Garfo no crespo, tamo se armando
De turbante ou bombeta
Vamo jogar, ganhar de lambreta
Problema deles, não se intrometa
Óia a coisa tá ficando preta”
-Rincon Sapiência
De uma vez por todas… que a coisa fique cada vez mais preta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário