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segunda-feira, 28 de junho de 2021

"Quem paga o pato é o cisne preto."

 

“O intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afetos, donde se poder gerar a ciência que se quer. Pois o homem se inclina a ter por verdade ou que prefere.”

Segundo Francis Bacon, a interpretação humana sempre deixará espaço para o entendimento de falsas verdades, pois seus preconceitos o fazem crer sempre no que for mais conveniente. Levando em consideração o racismo sistêmico que existe em nosso país, pode-se acreditar que que a classe dominante e seu intelecto preenchido por preconceitos raciais sempre se inclinará a verdade que desfavoreça o povo preto no Brasil.

Tendo em vista os benefícios trazidos pela Lei de cotas em nosso país, não há necessidade de se discutir se ela deve ou não ser mantida e sim quais ações afirmativas poderiam ser adicionadas para minimizar o impacto sofrido pelo racismo no Brasil. A Lei de cotas cumpre seu papel no que se propõe, mas somente ela nunca será capaz de superar um passado racista que se reflete no atual sistema patriarcal, capitalista e supremacista branco do país.

Como comentado pelo professor Juarez na palestra apresentada pelo Cadir no dia 24/06/21, os pretos no Brasil sofrem para manter os privilégios das classes mais abastadas. Como diz o rapper mineiro Djonga, “Quem paga o pato é o cisne preto.” Dessa forma, observamos um sistema que não só sustenta privilégios, mas funda e replica o preconceito, a discriminação e o racismo, não somente em âmbito educacional, mas social e presente até mesmo dentro das instituições públicas.

Apesar de ser maioria em número, os negros são minoria em universidades, no mercado de trabalho, nas áreas de decisão política e visibilidade social. No álbum BLUESMAN do cantor Baco Exu do Blues, é realizada uma analogia entre a prata e povo afro-brasileiro, a prata possuí um brilho incrível, mas ainda sim o ouro é mais valorizado, isso pode ser justificado pela sua menor disponibilidade na natureza, ao contrário da prata que é encontrada com maior facilidade. No Brasil, existe uma maior população negra do que branca, ela teria menor valor por ser maioria? Como dito pelo cantor “A ironia da maioria virar minoria.”

Portanto, apesar de não solucionar o problema do racismo que está presente de forma estrutural em nosso país, a Lei de cotas nos coloca um passo mais próximos de alcançarmos o sonho de Martin Luther King, uma sociedade de respeito, liberdade e igualdade. Dessa forma, em 2022 deverá passar por uma revisão e não uma supressão, pois reduzir as políticas de ações afirmativas para a população preta, parda e indígena é um retrocesso. Como também dito por Djonga “Então peguemos de volta o que nos foi tirado, mano, ou você faz isso ou seria em vão o que os nossos ancestrais teriam sangrado.”

LUCCA ROMANO BIGESCHI, TURMA XXXVIII, 1º PERÍODO, DIREITO.

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