Olá, curioso
leitor. O propósito dessa crônica é mostrar a você, de foma tênue, que estamos caminhando para o
fundo da caverna, para que você não se abale
demasiadamente e antecipe esse trágico fim.
No poema “Las
dos linternas” de Rámon de Campamor, ele anuncia “Y es que em el mundo traidor
nada hay verdad ni mentira; todo es según el color del cristal com que se mira”.
Neste trecho observa-se uma ruptura com a obsessão pelo verdadeiro e perfeito
e, assim, aceitando o fato de haver várias faces de um mesmo fato. Acredito que
a miopia, isto é, a visão deturpada da realidade não se corrija apenas com
lentes, mas também com a razão e o exercício desta. Isso porque, no mundo contemporâneo nota-se
uma constante perda do entusiasmo pela “busca do real”, por exemplo, devido ao acesso
às mídias (televisão, radio e internet) que faz com que grande parte dos homens
aceite como autêntico uma única lente e tendo, portanto, falsas- ou rasas- percepções
do mundo. Pensando nisso, podemos recapitular o estudo de Francis Bacon das
formas de Ídolos, em Novo Organum, dizendo que estes Ídolos junto das falsas
noções ocupam nosso intelecto obstruindo o acesso à verdade e, também, podendo
ressurgir como obstáculos à própria instauração da ciência.
Junto de René
Descartes, Francis Bacon reivindica a interpretação do mundo e defende uma
ciência baseada no real, isto é, distante de sentimentos e guiada pela somatória
da razão e experiência. Contudo, diferente do século XVII, poucos refletem
sobre os reflexos políticos, econômicos e socias- bombas-relógio sob as quais
estamos sentados- e menos ainda saem dessa inércia- crítica feita por René
Descartes aos clássicos, pois reflexão por si só não seria mais suficiente, deveríamos
impactar a sociedade com algo útil. Logo, o grande aviso destes pensadores
modernos teria sido a relação do homem e do conhecimento promovendo mudanças.
Por fim, deixo
como contribuição uma dúvida, plantada já no início dessa crônica. Isso porque,
como já defendia Descartes, o princípio fundamental do seu método científico seria
a dúvida e a partir desta teríamos maior clareza como critério de avaliação da
verdade. Então, questiono a você leitor, tem certeza de quer esperar para
conhecer o fundo da caverna?
Não diga que não foram avisados.
Giovanna Pasquini, 1º ano Direito/ Matutino
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