“Repartir
cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem
possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las”. (DM, p. 11). Desse
trecho retirado da obra Discurso do Método (DESCARTES, René) podemos “pinçar”
uma das principais ideias do autor sobre o conhecimento: o fracionamento.
Aplicando esse conceito para a educação contemporânea podemos perceber que toda
a base curricular é fragmentada em matérias e não há em si uma integração, o
que dificulta o entendimento do aluno noção de um conhecimento como um todo.
É comum se atribuir
a Francis Bacon a frase “O conhecimento é em si um poder” apesar de não existir
nenhuma prova de que foi ele mesmo que a proferiu. Porém, a citação resume bem
um dos conceitos do autor. Conhece-se a revolução da Ciência Moderna, que tem
por Bacon seu pioneiro, o ápice do mecanicismo. O saber, para Francis, devia
ser instrumental, favorecer ao homem, ou seja, devia prover e exercer poder
sobre a natureza. Essa ideia é transferida com facilidade para o estudo que
nossos jovens recebem nos dias de hoje, o conhecimento tornou-se muito voltado
ao prático e pouco se valoriza matérias como sociologia e filosofia, que
ficariam no campo abstrato. O conhecimento que, de certa forma, não forma mão
de obra ou não é cientifico pouco importa.
No governo
brasileiro atual, o presidente da república e o Ministério da Educação
propuseram uma reforma no Ensino Médio, reforma essa que influenciará a
educação como um todo no país. O principal ponto dessa reforma trata de uma
nova divisão da base curricular, o conhecimento antes fracionado em matérias passará
a se dividir em áreas do conhecimento: Humanidades, Ciências, Linguagem,
Matemática e Curso Técnico.
Então,
percebe-se que o mecanicismo de Bacon e o Fracionamento de Descartes ainda se
encontram presentes na nossa educação. Cada vez mais se preocupa em
racionalizar e dividir o conhecimento, não há preocupação em formar um jovem em
um universo único e completo, e sim, em formar uma mão de obra especializada em
áreas.
Há muitas
dúvidas em relação a esse tema, mas a principal delas é: a construção de uma
geração nesses moldes educacionais favorece a quem? Com certeza não aos jovens
do nosso país.
Luísa De Luca - 1 ano direito noturno
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