Tanto Descartes como Bacon acreditavam na busca pelo
conhecimento verdadeiro e desejavam identificar as causas dos erros cometidos
pelos homens ao julgar determinada situação e/ou ao tomar uma afirmação como
incontestável. Contudo, cada um segue uma corrente de pensamentos como base
para a explicação de tais fenômenos, sendo Descartes puramente racionalista e
inatista enquanto bacon acreditava no empirismo para o alcance do conhecimento
real, tendo cada um criado seus métodos e teorias sobre o porquê do falso
conhecimento e como alcançar a verdade. Em suas obras, “O discurso do método” e
“Novum Organum”, Descartes e Bacon, respectivamente, afirmam a necessidade da
existência de um método que seja capaz de garantir a veracidade do conhecimento
que absorvemos do mundo exterior, quase como um filtro de informações,
impedindo a passagem daquelas duvidosas e ilusórias que geram esse falso
conhecimento, muitas vezes já enraizado no senso comum.
Essas obras abordam um problema muito importante e
ainda presente na sociedade contemporânea: o senso comum como verdade absoluta.
Apesar de toda a tecnologia e dos avanços no acesso a informações, o Homem
ainda tem dificuldades em filtrar as informações que recebe do mundo à sua
volta, criando um conhecimento repleto de inverdades e ilusões e, muitas vezes,
repassando esse falso conhecimento como sendo absoluto e incontestável. É muito
comum observar pessoas que acreditam cegamente naquilo que lhes é passado pelos
meios de comunicação, como a televisão e a internet, e propagam tais
informações com a certeza de sua veracidade, sem sequer questionar sua origem e
as provas concretas de que aquilo é verdadeiro, criando um efeito dominó de
pessoas enganadas e iludidas pelo falso conhecimento do senso comum. É dessa
forma também que a mídia manipula as massas para seu benefício próprio, criando
uma sociedade submissa que aceita tudo aquilo que lhes é passado sem
questionamentos e dúvidas, por isso é de suma importância que o Homem seja
capaz, por si só, de separar aquilo que é realmente verdadeiro das demais
falsas e duvidosas informações.
Descartes utiliza o método da dúvida para atingir seu
objetivo, colocando todo o conhecimento herdado como duvidoso para que apenas
aquilo que é já conhecido como verdadeiro permaneça e todo o resto não enraíze
em seu juízo, não absorvendo nenhuma meia verdade como conhecimento real. Ele
acredita ainda, ao contrário de Bacon, que as experiências não são fontes
confiáveis de conhecimento, já que elas envolvem sentimentos e percepções muito
particulares e variáveis, que podem confundir e bloquear o único conhecimento
válido: aquele que é verdadeiro e livre de pré-conceitos, proveniente
unicamente da razão. Bacon, por sua vez, afirma a necessidade de libertar-se dos
falsos ídolos, que segundo ele, são as falsas noções lançadas ao intelecto que
barram a verdade, dificultando o acesso ao caminho do real conhecimento.
Apesar de utilizarem diferentes caminhos, ambos os
filósofos se preocupam com o objetivo comum de libertar o mundo das falsas
verdades, garantindo ao Homem o poder de decidir o que é real e questionar o
que é duvidoso, alcançando assim o progresso necessário para uma humanidade
ativa e pensante, que luta pelo que realmente acredita.
Aluna: Letícia Rodrigues Santana Direito Noturno- 1º ano
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