Os horizontes hoje alcançados pela humanidade são reflexo de sua interação com sua capacidade de racionalizar e analisar a dinâmica na qual vive. Tal processo se tornou possível através de uma ruptura a partir do século XVII, com pensadores importantes - René Descartes e Francis Bacon- que romperam com a ideia da Antiguidade de ver a ciência como uma contemplação, passando, assim, a intervir no mundo.
Tal intervenção tornou-se necessária na medida em que a classe burguesa entrava em ascensão, cuja busca pautava-se na dominação integral do homem a partir da persuasão, elemento pelo qual a ciência serviria. Dessa forma, as bases epistemológicas da Ciência Moderna moldaram-se a partir de uma falsa neutralidade, a qual serviria para transmitir uma ideia de universal a partir da razão.
Segundo o pensamento cartesiano, a dúvida seria o princípio fundamental do novo método científico, o qual seria prosseguido pela divisão dos questionamentos a fim de melhor resolvê-los, construindo uma ciência cumulativa e por fim, com um balanço bibliográfico. Para Bacon, o novo método seria uma cura da mente, na medida em que a regulação desta se daria através dos mecanismos da experiência.
Entretanto, após transcorrer vários séculos, pode-se ver que tal instrumento é ainda utilizado quando questões importantes são colocadas em discussão. Um claro exemplo disso é o debate sobre a reforma trabalhista aprovada recentemente pelo Senado brasileiro. Aqueles que queriam implementá-la, utilizaram-se da dúvida sobre sua necessidade e impactos para criar ainda mais questionamentos, os quais se acumulam em indecisões e a fácil aceitação de uma ideia já tida como pronta, transmitida pela grande mídia através de personalidades tidas como autoridade no assunto, tentando demonstrar certa neutralidade que, na verdade, caminhava ao lado da lógica neoliberalista, que tenta expressar através da racionalidade econômica suas pautas. Assim, uma medida que destrói direitos historicamente conquistados tramitou sem grande resistência até chegar na sua aprovação.
Dessa maneira, a ciência tida como elemento para o bem do homem para Descartes e Bacon, tornou-se ferramenta para a contemporaneidade em suas atividades públicas em busca da dominação social e econômica, fator que ressalta as desigualdades formuladas a partir da dita razão humana.
Aluna: Raphaela Carvalho S. Maringoli - 1º ano Direito ( Noturno)
Aluna: Raphaela Carvalho S. Maringoli - 1º ano Direito ( Noturno)
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