As universidades públicas são tidas como provedoras de conhecimento, seja este proveniente de pesquisas desenvolvidas sob sua própria tutela, seja pela formação de profissionais que prestarão serviços à sociedade ou, ainda, pelo intercâmbio de conhecimento entre universidades. Dessa forma, uma significativa parcela do que é produzido sob o bojo da instituição pública, deve, por conseguinte, tornar-se público.
Assim como tal concepção de conhecimento público, René Descartes, pensador da Filosofia Moderna, defendia a divulgação de seus tratados como forma de contribuir para o bem geral de todos os homens. Nesse sentido, a Filosofia não deveria possuir um caráter meramente especulativo, mas sim, uma relação intrínseca com a busca por transformações. No entanto, certas transformações podem transpassar os limites impostos entre a ciência e a ética e, com isso, questões religiosas - dentre outras de caráter pessoal - passam a comprometer possíveis avanços científicos, como pesquisas sobre o uso da cannabis sativa, princípio ativo da maconha, no combate às convulsões.
Apesar da premissa da ciência moderna no sentido de buscar uma ciência neutra, liberta de sentimentos e noções pré concebidas, a concepção de um conhecimento neutro é algo ilusório. Francis Bacon preconiza que a ciência é uma combinação de ideias anteriores, as quais são pautadas em uma lógica que consolida noções vulgares - nada que delas decorre possui solidez. Com isso, a proposição feita por argumentos não pode ser tida como descoberta de novas verdades, principalmente se tais argumentos estiverem baseados em preceitos religiosos ou cívicos. O intelecto humano tende a arrastar tudo aquilo ao seu alcance como forma de buscar apoio a uma ideia que o agrada - "o homem se inclina a ter por verdade o que prefere"- e, assim, se deixa levar por ídolos que corrompem o acesso à verdade.
Isso posto, notabiliza-se que percepções distorcidas do mundo, obtidas a partir de noções vulgares e influenciadas por certos ídolos não contribuem para o empreender do mundo. O intelecto do homem tende a obstruir a clareza na busca da verdade. Dessa forma, a utilização de um método seguro e organizado torna-se imprescindível para permitir o avanço da sociedade e, de modo mais específico, a Medicina (segundo o exemplo de pesquisa citado anteriormente). A dúvida é o método científico cartesiano, e é, portanto, a partir dela que se pode atingir a verdade. A partir de tal método pode prosperar a ideia de produção de conhecimento como atividade pública e cumulativa. Por fim, é a segurança e retidão na busca da verdade como critério metodológico que possibilita que a ciência não seja puramente contempladora do mundo.
Bárbara Gomes Brandão - 1º ano de Direito (diurno)
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