Nas salas de aula, sejam elas de ensino fundamental,
médio ou superior, é latente o incômodo provocado nos estudantes quando é
apresentado a eles determinado pensador, cientista ou pesquisador que introduz
algum elemento metafísico àquilo que produz na vida acadêmica. Existe uma ideia momentânea
e inconsciente nas pessoas em geral, ou seja, um senso comum, de que a erudição
e o conhecimento exclui a crença em certa divindade, restringindo-a apenas ao
âmbito pessoal ou nem isso, considerando ciência e religião imiscíveis.
Francis Bacon e René Descartes são pensadores que
formaram a base epistemológica da ciência moderna e que inseriram Deus em suas
teorias. O primeiro teorizava que as reais intensões divinas eram expostas pela
verdadeira ciência, sendo ela a marca do Criador sobre os indivíduos; enquanto
o pensamento cartesiano considera Deus seu referencial último, como um “ser
perfeito” que se aproxima do homem quando o mesmo faz ciência. Era importante
para Descartes e Bacon a presença de Deus em seu pensamento: eles foram os
primeiros a reflexionar uma ciência baseada estritamente na razão e diferente
de tudo o que já havia sido proposto anteriormente, pois procuravam um saber prático. Era difícil para eles
desvencilharem-se do elemento do divino criador, ainda mais em uma sociedade
tão marcada pela religião cristã como a do século XVII. É notável em seus
pensamentos que os mesmos não queriam abandonar as suas crenças e negar aquilo
que devotavam e, seguindo um caminho racional, inseriram o elemento divino em
seu raciocínio.
A humanidade, em todas as suas fases, utiliza a crença em
algo superior e transcendental para explicar aquilo que não lhe é cabível de entendimento.
Isso ocorreu, bem como ainda ocorre, devido à ausência de determinado conhecimento
e de instrumentos necessários para aprender a física, a química, a biologia e a
matemática do objeto intrigante ao indivíduo. O homem, a fim de conhecer o
mundo que o cercava e os fenômenos que o mesmo presenciava, começou um intenso
questionamento que o levou ao atual estágio científico e de conhecimento. A
dúvida, considerada por Descartes como o princípio fundamental do novo método
científico proposto por ele, foi o motor da lucidez e as explicações dogmáticas
da religião foram sendo desconsideradas cada vez mais.
Faz-se necessário ressaltar que não é porque determinada
percepção foi construída com base em um preceito religioso que a mesma não é
racional, pois, assim como o método científico, houve uma linha de pensamento
para atingir uma conclusão.
O
que explica o afastamento do homem atual dos elementos religiosos? Seria isso
resultado da crescente ausência de cientistas devotos a determinada religião
desde os precursores Bacon e Descartes, um caminho natural que o ser humano
percorreria quando passasse a conhecer mais a natureza e o universo que o cerca
ou um afastamento de seus costumes e tradições por achar que o academicismo e a
ciência não combinam com os mesmos e etc.? São questões que geram uma extensa
discussão com dúvidas crescentes e sem um veredito final, mas que são de suma
importância para compreendermos quem é o ser humano.
Yasmin Fernandes Soares da Silva - 1º ano Direito [matutino]
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