O filme “Ponto de Mutação”, baseado no livro de mesmo nome
escrito pelo ecologista austríaco Fritjof Capra, desenvolve-se a partir do
diálogo de três pessoas acerca dos problemas e questões que envolvem o mundo
contemporâneo. As personagens iniciam uma discussão caracterizada por fazer uma
crítica direta à persistência da forma cartesiana e mecanicista de pensamento
utilizada pela ciência moderna a fim de compreender o mundo, ou seja, o
pensamento científico ainda vê cada ser vivo como uma máquina que
metodicamente realiza apenas uma função.
De fato, essa visão cartesiana acabou influenciando todo o
posterior pensamento científico que foi elaborado, uma vez que, como os seres
vivos são metaforicamente comparados a objetos que apresentam um único ofício,
desenvolveu-se a partir de então um modo de raciocínio marcado pela linearidade.
Contudo, tal modo objetivo não é verdadeiro de acordo com o filme, visto que
este acredita que os seres vivos estão interligados por complexas teias de relacionamentos,
as quais não apresentam uma única direção possível, mas várias.
O problema da superpopulação no planeta foi abordado como resultante
de uma série de fatores que interligados culminaram na sua existência, e esta problemática
só poderia ser solucionada se os métodos a fim de evitá-la não forem analisados
isoladamente, isto é, com um modo de raciocínio linear que visa apenas uma
possibilidade de fim. Além disso, um tópico muito discutido no filme é o ritmo
de crescimento alucinante de algumas nações que vai de encontro com políticas
de sustentabilidade; a personagem Sônia afirma que não há necessidade de tal crescimento
exacerbado, mas que é necessário frear esse processo para as próximas gerações e
isto acontecerá quando houver uma mudança na percepção do mundo, não mais como
um instrumento, mas como um ser vivo.
Em suma, as personagens concluem que resumir a vida a um
objeto, como a máquina do pensamento cartesiano, é uma incoerência, pois a vida
não é condensável dessa forma, mas ela sente a sim mesma.
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