Durkheim diferencia as sociedades em mecânicas e orgânicas, em um processo de evolução. Atualmente, na sociedade capitalista, nos encontramos na segunda opção, na qual, de maneira análoga a um organismo vivo, o conjunto social é composto por diversas partes que desempenham funções específicas e são essenciais ao funcionamento do mesmo. Nesta, por conta da organização fracionada, a consciência coletiva, uma padronização de moral, costume e ações, exerce menor pressão coercitiva sobre cada homem. Nesse contexto, os fatos sociais devem ser entendidos através de dois preceitos: as causas que os produzem e as funções sociais que desempenham. As causas devem ser entendidas a partir de fatos sociais anteriores, não pelos estados individuais de consciência. Por sua vez, as funções devem ser relacionadas aos seus fins sociais.
Com isso, entende-se que a manutenção de uma sociedade não é dada pela soma das vontades individuais, mas sim por uma vontade coletiva a qual é exterior e independe das partes, construida no convívio em comunidade. O fato social nasce dessa realidade e, assim, não podem ser limitados ao âmbito psicológico, como exposto acima. Consequentemente, pode-se fazer uma analogia da existência dessa consciência coletiva frente aos recentes escândalos com os justiceiros das ruas. Se, apesar da criminalidade ser um fato social, as instituições construidas pela comunidade são insuficientes, há uma tendência de que o indivíduo atue "em prol da comunidade" com as próprias mãos, apesar de que, individualmente, isso não se encaixe em seus valores. Dessa forma, infere-se como a necessidade e as demandas da vida social podem se sobrepor àquelas de cada parte, conforme explicava o autor.
Sofia Andrade - Noturno
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