Ao analisar
a teoria de Durkheim, criaram-se dúvidas em minha mente sobre até que ponto
somos agraciados com o livre arbítrio, ou se essa idéia não passa de pura
ilusão vinda de um privilégio já extirpado de nós pelo convívio social. É sobre
essa reflexão que ocuparei os parágrafos a seguir.
Quando
nascemos, não contamos com nada além de nosso código genético. Somos, como
colocado por Locke, uma ‘’folha em branco’’. Nossa primeira expressão no mundo
exterior são os ruídos que produzimos para demonstrar perigo iminente a nossa
vida, afinal, choramos por estarmos com fome, dor ou qualquer desconforto
identificado pelo corpo como ameaça ao bom funcionamento do organismo. Até aí é algo absolutamente natural, é o
papel de nosso ‘’instinto’’. Muitos
meses depois passamos a dominar a linguagem e sermos senhores de nossos
próprios movimentos, além da aquisição da denominada ‘’racionalidade’’. É aqui que as coisas começam a ficar complexas.
Quando nos
‘’tornamos’’ seres racionais, e passamos a interagir com uma sociedade já
estabelecida com enorme antecedência a nós, é inegável que iremos nos tornar aquilo
que através de nossas experiências no meio em que vivemos formos moldados a
ser. Através da influência deste, o que segundo Durkheim, exerce poder
coercitivo sobre nossas ações, a ponto de nos obrigar a agirmos de maneira pré
estabelecida, torna-se um desafio de extrema dificuldade definir até que ponto
temos nossa individualidade suprimida pela sociedade em que vivemos. O que é
fruto do eu e o que é fruto do todo? Não me arriscarei a responder tal
indagação, porém creio que seja válido ressaltá-la.
Analisemos
um exemplo prático: o que levou cada um de nós a escolher o curso de Direito?
Ora, em primeiro momento a resposta parece ser clara, afinal, parece que
escolhemos tal carreira pelo simples fato de termos uma escolha, e nos
identificarmos com ela. Até aqui tudo bem, porém, e quando nos refletimos sobre
o por que de nos identificarmos com tal carreira? Seria algo inato a nós? Ou
isso ocorreu através de todas nossas experiências em nosso meio social, e caso tivéssemos
nascido em um local diferente teríamos seguido rumos diferentes? É nossa
escolha fruto do livre arbítrio ou de pura coerção social?
Difícil,
muito difícil responder.
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