Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Eu e o Todo


      Ao analisar a teoria de Durkheim, criaram-se dúvidas em minha mente sobre até que ponto somos agraciados com o livre arbítrio, ou se essa idéia não passa de pura ilusão vinda de um privilégio já extirpado de nós pelo convívio social. É sobre essa reflexão que ocuparei os parágrafos a seguir.
      Quando nascemos, não contamos com nada além de nosso código genético. Somos, como colocado por Locke, uma ‘’folha em branco’’. Nossa primeira expressão no mundo exterior são os ruídos que produzimos para demonstrar perigo iminente a nossa vida, afinal, choramos por estarmos com fome, dor ou qualquer desconforto identificado pelo corpo como ameaça ao bom funcionamento do organismo.  Até aí é algo absolutamente natural, é o papel de nosso ‘’instinto’’.  Muitos meses depois passamos a dominar a linguagem e sermos senhores de nossos próprios movimentos, além da aquisição da denominada ‘’racionalidade’’.  É aqui que as coisas começam a ficar complexas.
      Quando nos ‘’tornamos’’ seres racionais, e passamos a interagir com uma sociedade já estabelecida com enorme antecedência a nós, é inegável que iremos nos tornar aquilo que através de nossas experiências no meio em que vivemos formos moldados a ser. Através da influência deste, o que segundo Durkheim, exerce poder coercitivo sobre nossas ações, a ponto de nos obrigar a agirmos de maneira pré estabelecida, torna-se um desafio de extrema dificuldade definir até que ponto temos nossa individualidade suprimida pela sociedade em que vivemos. O que é fruto do eu e o que é fruto do todo? Não me arriscarei a responder tal indagação, porém creio que seja válido ressaltá-la.
      Analisemos um exemplo prático: o que levou cada um de nós a escolher o curso de Direito? Ora, em primeiro momento a resposta parece ser clara, afinal, parece que escolhemos tal carreira pelo simples fato de termos uma escolha, e nos identificarmos com ela. Até aqui tudo bem, porém, e quando nos refletimos sobre o por que de nos identificarmos com tal carreira? Seria algo inato a nós? Ou isso ocorreu através de todas nossas experiências em nosso meio social, e caso tivéssemos nascido em um local diferente teríamos seguido rumos diferentes? É nossa escolha fruto do livre arbítrio ou de pura coerção social?
      Difícil, muito difícil responder.



Nenhum comentário:

Postar um comentário