Apesar do caráter pós-teológico do Positivismo de Auguste Comte, muitas de suas características ainda são vistas em nossa sociedade. O traço imediatista da observação positivista é, quiçá, um dos objetos mais perpétuos da corrente, sendo visto cotidianamente nas opiniões e pensamentos populares.
Assim, por
exemplo, vê-se, nos últimos anos, um extremismo político que, no geral,
baseia-se em constatações que não apresentam qualquer tipo de aprofundamento.
Tratam-se como subversivo quaisquer ações que destoem de um falso moralismo
religioso acerca de família e Estado. “Brasil acima de tudo, Deus acima de
todos.” é o slogan de um governo que, formalmente, é laico, mas que explicita
em todos seus atos um ataque ao que considera imoral ou contrário à ideia de
religião que acatam – apesar de serem tudo o que atacam.
A subversão,
nestes moldes, representa tudo que ataca a ordem que se pretende manter, apesar
dos positivistas bradarem constantemente a ideia de “progresso”. Talvez, assim
como no livro distópico “1984” de George Orwell, os positivistas desejem que “O
progresso, no nosso mundo, será o progresso da dor” (ORWELL, 1948, p. 310) e o
que atrai melhorias nestas estruturas que se pretende manter seja alvo de
combate, seja o objeto a ser apontado como subversivo e imoral.
Afinal, qual
o caráter científico de uma corrente que, dentro da realidade, não acata
mudanças? Tratar tudo e todos contrários como subversivos, não admitir este
necessário espaço para alterações e se manter como “conservador” é, também, ser
anticientífico ao ignorar um dos traços mais marcantes da natureza: a
inconstância.
Patrícia André - Direito, 1° ano noturno
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