O positivismo é uma via de
mão dupla. Pois se por um lado não há como discordar que suas contribuições
para as ciências humanas, por outro essa corrente filosófica trouxe muitos
problemas, principalmente para minorias sociais após o surgimento do darwinismo
social.
Auguste Comte é
frequentemente considerado o pai da sociologia, pois foi o primeiro a estudar e
dedicar um método para analisar a sociedade (ou pelo menos foi o primeiro que
ganhou notoriedade ao estudar essa área), dedicando uma nova ciência apenas
para compreender as “leis da sociedade”. Entenda “lei” não como norma jurídica,
mas como as leis da física por exemplo, a comparação é tão apropriada que a sociologia
quase se chamou física social.
O método
positivista entendia que a sociedade sempre estava se direcionando ao progresso
pela ordem. Essa forma de entender o mundo encontrou adeptos no exército, que
estampou em nossa bandeira os dizeres “ordem e progresso” ao mesmo tempo que exaltava
o “passado retrógrado” usando as cores da casa de Orléans e Bragança para
colorir a bandeira brasileira, o que é no mínimo um pouco confuso, mas se esse
tipo de gafe fosse a única forma de errar dos adeptos dessa corrente filosófica
ela não seria tão problemática.
Não se pode dizer
que o positivismo foi uma vítima de uma interpretação errada, pelo menos não no
caso dos darwinistas sociais. Diferente do caso da filosofia de Nietzche que
foi sequestrada pelos nazistas mesmo com a discordância por parte do autor, os
darwinistas sociais apenas interpretaram a realidade aos moldes previstos pelo
próprio positivismo, sendo uma influência para os nazistas ainda maior que a
própria filosofia já citada.
O positivismo não é
a ferramenta mais precisa para interpretar a realidade pois ela só observa
progresso, mas a humanidade sempre passa por episódios de decadência que
precisam ser reconhecidos. Como a nossa situação atual, onde o debate é guiado
por “pessoas isentas”, mas radicalmente adeptas a alguma ideologia, quando não
estão mentindo abertamente no meio do debate. Vivemos em um tempo de decadência
para o debate, para a política, para as instituições (que dormem furiosamente)
e os atuais positivistas se assemelham muito com os adeptos do “império das
bestas louras”. Um positivista que observa o mundo atualmente enxerga tão bem
quanto quem usa óculos escuros quando se está de noite e sem nenhuma fonte de
luz por perto.
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