Durante os anos de 1964 até 1985, o Brasil foi governado por uma elite militar de caráter positivista. Isto é, segundo a concepção filósofica de Augusto Comte, as realidades sociais devem ser apresentadas por meio de um prisma científico. Com efeito, em períodos anteriores ao surgimento dessa concepção, os países eram governados por visões quer teológicas, quer metafísicas, contudo, somente a visão científica aplicada nas ciências sociais que poderia dar ensejo a um desenvolvimento pleno das capacidades humanas dos indivíduos e do pleno crescimento político-econômico.
Dessa maneira, por meio de um golpe de Estado, o Brasil foi vítima de um regime militar e ditatorial que pregava uma suposta cientificidade política. Vale ressaltar, entretanto, a inconsciência, ou melhor dizendo, o sono positivista no qual os militares que tomaram o poder estavam inseridos.
Sem nenhuma formação filósofica, antropológica e, sobretudo, sociológica, a classe militar estava repleta de convictos positivistas, que bradavam lemas, como "ordem e progresso", impresso em nossa atual bandeira, como se fossem dogmas religiosos. Nesse sentido, a frase de Hugo von Hofmannsthal, de que "Nada está na realidade política de um país se não tiver antes em sua literatura." consegue explicar o porquê da elite militar estar repleta de positivistas inconscientes. A literatura, e não a política, é responsável por formar o imaginário de milhões de pessoas para que, posteriormente, possam tomar atitudes políticas revolucionárias, como aconteceu na Revolução Francesa.
Destarte, torna-se evidente a influência positivista na formação do imaginário dos militares durante o período de vigência da ditadura militar brasileira, cujo cerne de sua doutrina não se baseava em estudos cansativos dos livros de Comte, mas sim de uma influência inconsciente derivada da literatura nacional da época.
Cauan Eduardo Elias Schettini - Turma XXXIX - matutino
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