Xavier deixou seu quarto apenas para pegar água, da maneira mais sorrateira possível, evitando o olhar julgador da mãe que rezava junto ao resto da família o típico Rosário da tradição católica. O garoto de 23 anos se negava a acreditar em um deus que permitisse tanta desgraça e ainda por cima negasse a se mostrar, apesar de ainda propagar o respeito ao pai e a mãe como virtude indispensável em sua vida.
Sentou-se em sua cama e ligou no noticiário local, não acreditava nos assustares números de pessoas mortas e na estabilização do quadro vacinal, os que não podiam se vacinar devido os que não queriam, por motivos religiosos ou conspirativos morriam através da propagação de novas cepas e maior propagação vírus. As pessoas iam para a praia e grandes festas, postavam fotos com enormes sorrisos, a felicidade não existia em meio àquele caos.
Bufou quando a novela começou e desligou a televisão, ao se reparar com o silêncio ajudou os pais com a arrumação da casa e deu adeus a eles para que pudesse dormir, seguiu para o quarto ainda atormentado de não ter novas notícias falsas ou reportagens parciais divulgadas pelo irmão no grupo da família.
Era tão simples em sua compreensão, como pode um comum ser humano querer abdicar do bem social, renegar a moral e ainda por cima protestar contra métodos provados da eficácia da vacina? Não era como se pudesse ver baleias na rua depois da campanha de vacinação.
Entretanto, de nada importava suas próprias divagações, as coisas já haviam acontecido e a formulação de novos “e se” prejudicava a ordem de seus pensamentos. Nada mais deveria sugar suas energias além da compreensão da realidade pelo que é visto. Fechou os olhos e virou de lado, em pouco tempo, adormeceu.
Bianca Lopes
1º ano - Matutino
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