Em uma primeira análise superficial da teoria positivista,
nota-se que existem algumas ressalvas consideráveis do enunciado e ao associar
tais ao contexto de produção do sociólogo, são, significativamente, promissoras,
tal qual a proposição da superação de dogmas e estudo da sociedade. São
proposições que, inicialmente, são tentadoras e “bonitas”, contudo, a questão problemática
da teoria positivista de Comte está justamente nos meios que ele defende para
alcançar tais objetivos e conseguir o almejado progresso da sociedade.
Diante disso, a teoria positivista assume em uma visão
contextual atual até mesmo um posicionamento ingênuo e fantasioso sobre a sociedade,
já que a tentativa de estudar a sociedade como se estuda uma ciência exata se
enquadra no campo onírico, isso porque uma sociedade composta de organicidade,
subjetivismos e construções identitárias individuais não pode ser estudada e
concebida como um formulário de regras e funções. Por isso, tentar transformar
uma ciência social em “física social”, embora seja um ímpeto de coragem, é, também,
um ímpeto de ingenuidade, já que denuncia a forma de percepção limitada da
sociedade.
Nessa mesma perspectiva idealizante, percebe-se que a
superação dogmática proposta por Comte é um preludio interessante. Porém, a
forma como tal a propõe é, também, ingênua e incompatível com a sociedade.
Comte traz que o progresso humano só ocorreria mediante a ordem, logo, a
primazia social deveria ser em manter a ordem de todas as coisas para
contribuir com o progresso da humanidade, e dentro de tal progresso estaria a
superação dogmática – ocasionada principalmente pela corrente teológica. Dentro
desse panorama, percebe-se que, de fato, Comte não concebe a sociedade como uma
comunidade de indivíduos heterogêneos, mas sim um conglomerado de seres humanos
massificados, já que a sua visão propõe, de forma implícita, que os seres
sempre serão iguais, sem mudanças, sem visões que se alterem ao longo do tempo,
assim, a ordem seria facilmente mantida. Dessa forma, a perspectiva de ordem de
Comte trouxe como efeito prático o fortalecimento do conservadorismo e
retaliação, pela ala conservadora social, dos movimentos que questionem a dominação
e ordem hierárquica das coisas, talvez – e deixo aqui um espaço registrado a
uma possível ingenuidade da minha parte-- se Comte estivesse nessa sociedade
moderna para atestar sua teoria foi deturpada e utilizada para outros fins,
mudaria os meios de alcançar o progresso e defenderia a emancipação e revolução
da sociedade.
1º ano Direito matutino
Julia Samartino
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