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segunda-feira, 5 de julho de 2021

Enquanto a população padece, Brasília preocupa-se apenas com 2022.

 É inegável que o Brasil passa, na atualidade, por um processo de profunda crise política e econômica. A pandemia do novo coronavírus apenas aumentou de forma gritante as desigualdades já existente no país. As estatísticas indicam um alto número de desempregados e pessoas em situação de rua, ao passo que há uma minoria irrisória com condições de vida luxuosas capazes de contornar o atual cenário. 

Em uma realidade em que o voto é a maior ferramenta de participação popular na política, nossos governantes utilizam-se de discursos utópicos para promover a alienação do povo - um exemplo prático da consolidação de um ídolo do teatro, um dos quatro tipos de Ídolos da Mente descritos por Francis Bacon em sua obra Novum Organum.

Os ídolos do teatro são, como descreve Bacon, noções equivocadas da realidade que se encontram enraizadas na mente do ser humano, advindas de discursos de intelectuais e filósofos, e tidas como verdadeiras. O mesmo se aplica, aqui, ao que ocorre com políticos, que aproveitam-se da idolatria do povo a seus ideais ilusórios para mantê-lo alienado.

Dessa forma, o cidadão brasileiro não é capaz de se ver representado pelos políticos que, em teoria, escolheu. Tais políticos representam, na realidade, seus próprios ideais, aproveitando-se do poder que lhes é cedido para distorcer as leis a seu favor. 

Comparada erroneamente a um mau relativismo, e considerando que não existem verdades puras e absolutas: nossos critérios éticos, políticos e estéticos são falíveis e vão mudando, adaptando-se em função de nossas experiências e intercâmbios com os outros

Nesse contexto, é ilusório crer que, a curto prazo, seja possível tirar do papel os direitos que nos são garantidos por lei. Apenas com a superação de tais ídolos, tal como Bacon almejava, é que a emancipação do povo brasileiro e a conquista dos seus direitos seria garantida.


Pedro Henrique Barreiros Hivizi - 1° ano - Noturno 

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