Francis Bacon e Rene Descartes foram dois dos principais filósofos responsáveis pela formulação de uma ciência primitiva, que, futuramente, se tornara a ciência que é conhecida nos dias atuais. Apesar de terem ideologias diferentes (que posteriormente seriam "unificadas" por Kant), ambos tiveram pensamentos próximos em relação a utilidade de um conhecimento metódico, o de melhorar a vida humana. Mesmo assim, com a fortificação da ideologia capitalista após a Revolução Francesa, a ciência passou a ser utilizada a favor não mais da sociedade em si, mas como um meio de gerar lucros acima de tudo, incluindo sua negação.
A priori, é de suma importância compreender como a ciência passou a servir ao capital e não mais a sociedade. Com a ascensão das industrias manufatureiras (fomentada pela ciência) na Inglaterra se inicia também uma grande separação de classes, a burguesia se tornava cada vez mais rica e o proletariado cada vez mais explorada, sendo obrigados a trabalhar em lugares insalubres por mais de 12 horas por dia. Não só isso, as consequentes revoluções industriais, baseadas nos avanços tecnológicos proporcionados pela ciência, fortificaram esse estigma, tornando o mundo um lugar de luta entre as classes, onde os mais pobres se tornavam mais pobres e explorados, enquanto os mais ricos se tornavam mais e ricos e exploradores. Desse modo, mostrando como a ciência fugiu de seus objetivos iniciais para se tornar ferramenta de um modelo político-econômico.
Além disso, se percebe um grande desdém do capital com a própria ciência, base se seus infinitos lucros. Visando ilustrar isso, basta olhar para o momento político-econômico atual do mundo, em que, mesmo com as sociedades sendo ameaçadas por uma pandemia mortal, os lideres de diversos Estados negam a periculosidade da doença e da eficácia das vacinas, visando apenas manter controle da economia. Tal fato mostra que o capital corrompeu os ideias da ciência, descartando tanto o empirismo de Bacon, como o método racionalista proposto por Descartes a cerca de 4 séculos atrás e, consequentemente, tornando a humanidade escrava do lucro.
Outro ponto importante a ser destacado é a questão do destruimento da biodiversidade proporcionada pelo liberalismo. Em que, florestas são desmatadas, corpos da água poluídos, cidades intoxicadas por gases nocivos , lixo sendo produzido em massa e muitos outros fatores que colocam em risco a natureza, que por sua vez coloca em risco a humanidade. A grande prova disso são os grandes acordos firmados por diversos Estados visando diminuir as consequências das atividades humanas no mundo, como o Protocolo de Kyoto (falhou), as conferências da ONU sobre o meio ambiente (que mostraram resultados desagradáveis) e, atualmente, o Acordo de Paris (que teve um inicio conturbado). Mesmo com algumas das grandes nações mostrando um interesse (apesar de mínimo), a Conferência de Estocolmo (1972) demostrou como o capitalismo prevalece em certas questões, pois uma das ideias discutidas foi o Desenvolvimento Zero, em que as nações mais ricas defendiam que não se poderia mais haver avanços industriais, desse modo, mantendo suas posições de países industrializados em detrimento da estagnação dos países subdesenvolvidos. Assim, obrigando a sociedade a se perguntar "afinal, qual é a finalidade da ciência? O bem do ser humano ou dos conglomerados?"
Diante disso, se percebe que a ciência se tornou não mais um meio de melhorar a vida humana, mas sim um meio de conseguir lucros e poder acima de tudo, inclusive da vida, da natureza e da própria ciência.
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