Por que fazemos o que fazemos? Como colaboramos para o funcionamento da Terra e a manutenção do sistema? Nascer inserido em uma realidade imediatista acaba limitando nossa capacidade de percepção e compreensão dos eventos, devido a grande ocorrência e a velocidade dos mesmos.Por consequência disso, acabamos minimizando a natureza, reduzindo-a apenas na condição de provedora, também ignoramos a complexidade da sociedade em que estamos inseridos, onde cada parte da população fica responsabilizada por cumprir seu papel dentro da realidade capitalista. Como exemplo de tal minimização, podemos citar os hábitos de consumo majoritariamente insustentáveis que populações são induzidas a manter, devido a cultura de minimização das coisas, eventos e até mesmo da vida como um todo. Estrutura de consumo estratosférica, onde cada dia mais os princípios de produção e logística são postos a prova, não só desafiando o meio ambiente, mas também destruindo o mesmo.
No filme "O Ponto de Mutação", o pensamento do filósofo racionalista René Descartes é utilizado para justificar a estrutura do mundo contemporâneo através da concepção da Terra como uma máquina perfeita. Entretanto, quais seriam os objetivos desta máquina? Na contemporaneidade, os objetivos estão pautados nos interesses das grandes potências e dos detentores dos meios de produção. Nenhum país pode ser considerado irrelevante dentro dessa lógica, devido ao papel que cada um tem a cumprir. Exemplo disso são os países periféricos servindo até hoje como quintais para grandes potências imperialistas, que não necessariamente se aproveitam dos recursos naturais, mas também, infelizmente, da mão de obra precarizada e vulnerável onde até mesmo crianças fazem parte. Entretanto, é possível evidenciar que a percepção racionalista de Descartes acabou sendo distorcida ao longo do tempo, já que o método dúvida, por exemplo, não é repassado para a sociedade como um todo. Isso, talvez, alteraria a concepção do coletivo sobre a realidade,
Além disso, em "O Ponto de Mutação", a percepção de Bacon sobre o uso da ciência como um objeto de tortura a natureza também é problematizada, já que atualmente esta dissociação entre o ser humano e a natureza é usada como justificativa para a destruição em massa e sem precedentes da mesma. Na era de grandes progressos científicos, o filme questiona o real objetivo de tais motivações e evidencia que lamentavelmente nos últimos anos foi e é possível observar um redirecionamento da produção científica, que não se limita mais a ser promovida em prol de um bem maior, mas que se mostra atualmente como elemento essencial na manutenção do sistema vigente, não só desenvolvida para promover grandes lucros, mas também com grande potencial como poderio militar. Este ponto é levantado pela personagem Sônia, que mantinha severa desilusão não só sobre sua profissão mas pelos avanços “positivos” da sociedade também.
Ana Beatriz Costa, 1° semestre de Direito - Turma XXXVIII
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