Para
Francis Bacon (século XVII), o conhecimento era produzido, ao passar por duas
vias principais. Essas com problemas no que referia ao método. Na primeira via,
o intelecto se fiava nas forças
dialéticas, porém sem partir da experiência, o que incrementava a dialética vulgar, mas não desvelava a
real que estava posto. Na segunda, buscava a verdade a partir dos sentidos,
ascendendo de maneira contínua até última instância e alcançando a máxima
generalidade.
A última via até então não havia sido instaurada. O pensador e filósofo destacou que o intelecto - na mente sóbria e não obscurecida por doutrinas recebidas - tentava alçar voos mais altos, entretanto, isso só era possível quando ele era regulado e apoiado por noções novas. O novo instrumento (ou via) deveria ser ordenado e abstraído de fatos particulares, e, sucessivamente, indicaria novos fatos particulares, a fim de se tornar o conhecimento científico ativo. Assim, a própria natureza das coisas superaria a mera argumentação (dialética vulgar) na “descoberta de novas verdades”.
Desse modo, a formação de novas noções pela verdadeira indução consistiria na interpretação da natureza e não nas antecipações da natureza. Bacon defendia que o intelecto humano esbarrava em falsas noções ao tentar se aproximar da realidade das coisas: os ídolos. O filósofo apontou quatro ídolos, quais sejam: os ídolos da Tribo; da Caverna; do Foro e do Teatro. As falsas percepções dos sentidos e da mente, ao guardar “analogia com a natureza humana e não com o Universo” criava ídolos da tribo, que restringiam o método a um conhecimento equivocado, sobretudo pela interferência de sentimentos, pela incompetência dos sentidos e pelas limitações humanas;
O
consórcio entre homens doutos, que se defendem por meio da disseminação de
falsas ideologias, como atualmente acontece entre políticos, naquele contexto
gerava ídolos do foro. Desse
modo, juntavam-se por compartilhar
de um pensamento inverídico/vulgar e por desconhecer a verdade das coisas; As
falsas representações, ou seja, distorções teatralizadas da realidade foram
denominadas ídolos do teatro.
A tradição e credulidade dogmática externalizavam e ainda hoje evidenciam esse
fenômeno social.
Por
fim, a não clareza das coisas ao se distanciar os olhos de quem as vê
da “luz da natureza”, por estarem presos em suas próprias
covas/cavernas, ou a suas singularidades, tangenciavam uma turva visão de homem e de mundo (distante da visão do Universal)
captada não somente nas críticas Platônicas – Mito das Cavernas de Platão – e
no período do Medievo, mas por Bacon, nos primórdios da Era Moderna. Tais convicções falsas também podem
ser apreendidas de outrem, como figuras de autoridade (pais e educadores),
variando de acordo com o espírito de cada ser, que também pode estar sujeito a
perturbações ou ao acaso, assim como aos próprios sentidos: ídolos da caverna.
Hodiernamente,
ainda que método baconiano tenha sido superado por outras correntes teóricas,
poderíamos recorrer a ele para desmistificar coisas atualíssimas, como os
preconceitos: étnico-raciais, de gênero, de orientação sexual e de classe
social (ídolos da tribo). Há que se destacar, também, as “limitações” humanas
oriundas do meio social em que se foi educado (desenvolvendo-se hábitos ruins).
Além dessas, para Bacon, existem limitações da alma e da constituição do corpo
físico, que são características de cada ser. Paradoxalmente, na sociedade
mercadológica contemporânea (século XXI), que segue os ditames do grande Capital,
o humano sem aptidões físicas condizentes com padrão de reprodução das relações
de produção, sofre preconceitos. Desse modo, é incluído precariamente no mundo
do trabalho, por não se “adequar” às tarefas que são impostas metodicamente aos
“capacitados”, tanto para a produção de bens tangíveis, quanto de intangíveis,
de modo a se preservar o “status quo” na
atual sociabilidade burguesa.
Danusa Barbosa Diniz – 1 º ano Direito/Diurno
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