Nos textos de Descartes e Bacon, vimos diferentes visões de um mesmo
assunto, o conhecimento. Enquanto Descartes a princípio nos apresenta
argumentos que sugerem a importância da dúvida e do questionamento á
assuntos e maneiras que nos são impostos a ser aceitos, como o sistema de
ensino e sua frequente padronização, que acaba nos moldando e
consequentemente tornando a população cada vez mais erudita, mas cada vez
mais frustrada. Ideia essa que não ignora todas as qualidades desse sistema
para a formação do ser humano, mas que evidencia seus defeitos. Em seguida
Descartes muda sua interpretação e nega o benefício da dúvida como forma de
autoconhecimento, usando uma tática negacionista, que torna falso tudo o que
possui a dúvida. Logo Descartes nos passa uma perspectiva fragmentada, que
tenta simplificar, e entender a si mesmo e aí sim analisar o todo.
Já Francis Bacon carrega fundamentos baseados no equilíbrio das forças do
homem e seu intelecto como forma de conhecimento e evolução. Propondo
ressaltar a importância de cada detalhe na conquista da grandeza, valorizando
cada pequena descoberta. Formando uma visão que fragmenta cada mínimo
avanço, mas que conecta cada pequena parte do todo. Mas ao mesmo tempo
criticando essa base feita por Descartes, pois na visão de Bacon, mesmo os
elementos muito claros na nossa interpretação sofrem com a interferência na
teoria dos ídolos, criticando ao mesmo tempo a linha de pensamento baseada
em princípios não sólidos como por exemplo a reflexão.
A partir da interpretação dos textos de ambos, cheguei à conclusão de que
existem muitos tentando definir o conhecimento e a maneira como devemos
lidar com o mesmo e poucos tentando resolver os problemas sobre a
desigualdade na distribuição do conhecimento básico, e o reconhecimento das
diferentes formas de sabedoria, ou seja, os problemas gerais que nos afetam.
Seja na falta de qualidade no ensino das escolas públicas periféricas, ou seja,
na padronização já criticada antes por Descartes nos sistemas de ensino, mas
que não de hoje padronizam o conhecimento culto e erudito que por
consequência excluí as minorias e suas formas de conhecimento que são
frequentemente negadas por não serem o padrão. Não que esse debate sobre
conhecimento não tenha importância, mas justamente pelo fato de sabermos
sua importância, não precisamos deixar os problemas que estão relacionados a
ele de lado.
Portanto, não deveríamos deixar essas visões mais fragmentadas de lado,
visto que foram tão importantes para nossa compreensão de conhecimento em
meio a sociedade, mas deveríamos aplicar uma visão mais ampla em relação a
solução de diferentes problemas, acabando com essa concepção rigorosa na
relação entre a sociedade e seus padrões de comportamento.
Vinícius Barboza Felix dos Santos – 1° Ano de Direito – Matutino
Nenhum comentário:
Postar um comentário