Uma breve análise sobre o pensamento científico.
Foi assistindo o filme ‘’Ponto de Mutação’’, que pus-me a refletir sobre a ciência e os papéis que tem desempenhado tanto para com a vida humana como para o ambiente em que estamos inseridos, analisando suas benesses e consequências encontrei-me diante de um dilema que pouca resposta consegui, porém de muita valia foi para abrilhantar minha visão sobre o mundo e a forma como nós interagimos com ele. Desde de tempos longínquos, milhares de pensadores se empenharam em achar respostas para os questionamentos que a natureza nos postulava, consequentemente abriu-se um debate milenar sobre qual deve ser a abordagem e a tratativa usadas para se chegar a tais afamadas respostas que aos olhos da contemporaneidade é inegável sua importância para o avanço civilizacional, de filósofos gregos até físicos modernos, todos buscando conseguir de alguma forma explicações para os questionamentos que o mundo nos impõe.
Dois pensadores que foram de grande importância para a composição do pensamento científico moderno são Descartes e Bacon, ambos referenciados no filme citado anteriormente pela personagem Sônia, uma física desiludida com seu trabalho que tece críticas aos pensamentos dos filósofos que segundo ela, tem um caráter muito metodológico e pragmático pecando assim pela padronização de suas concepções e carecendo de uma visão mais ampla do mundo o qual tanto questionam. Em discordância com o pensamento de Sônia, os outros personagens do filme contrapõe a crítica ao pensamento metodológico com a afirmação de que a sociedade evoluiu de forma bastante significativa por meio da revolução científica proporcionada pelo emprego dos pensamentos metodológicos e críticos dos filósofos, matemáticos e estudiosos das épocas subsequentes.
Descartes e Bacon discordavam na forma correta de se analisar o mundo, sendo Descartes um defensor do uso da razão e consequentemente um opositor a utilização dos sentidos como meio para se chegar a conclusões, pois segundo ele os sentidos são facilmente ludibriados e portanto não sendo passíveis de aceitação como um meio legítimo de se analisar o mundo. Em oposição a ideia racionalista defendida por Descartes, Francis Bacon questionava se a razão era indubitável e não necessitava de um apoio por parte dos sentidos para que não fosse vítima de inverdades, como as apresentadas por ele na forma de falsos ídolos, os quais são, segundo Bacon os responsáveis pela desvirtuação da cosmovisão como também das resultantes advindas das pesquisas científicas. Analisando as divergências dos pensadores sobre o melhor método para se chegar ao conhecimento verídico observa-se uma postulação de um método que deve ser empregado sistematicamente e de forma quase padronizada para a obtenção de conhecimento julgado como verdadeiro, pois é nesta abordagem que se encontra, na minha visão, uma problemática no sentido de se mecanizar a construção de conhecimento fazendo com que deixemos passar várias partes de um todo bem mais complexo do que o abordado por este método pragmático.
Por fim, cabe a nós como sociedade nos questionarmos dos métodos utilizados para se abordar as ideias tanto no âmbito científico, como também no político, social, cultural, educacional, judiciário, e entre tantas outras áreas do conhecimento humano que muito podem estar perdendo por consequência do uso irracional e pouco abrangente que por vezes o pensamento científico sistêmico proporciona, visando assim que a sociedade não se torne tão somente uma máquina destinada a fazer unicamente o que foi desenvolvida para fazer, não havendo assim liberdade na construção do saber coletivo e perpetuando problemas que advém da visão fechada para certas partes que a visão sistemática não abrange.
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