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domingo, 15 de setembro de 2013

O escravo da máquina e o servo da burguesia


A palavra “burguesia” é derivada e encontra suas raízes em uma expressão um tanto quanto menos conhecida e menos familiarizada aos conceitos contemporâneos: “burgos”. Os burgos eram pequenas aglomerações que, gradativamente, foram surgindo ao redor dos antigos castelos feudais à medida que as trocas comerciais e o ciclo de capital ressurgiam na Idade Média.  A grande peculiaridade dessas instituições consiste no fato de que elas foram fundamentais para o recuo das relações servis do feudalismo e para a consolidação de um sistema econômico que, cada vez mais, almeja obter de uma maneira única e exclusiva o lucro.
Contudo, para abolir de forma efetiva o feudalismo e atingir a solidificação de um capitalismo pleno, foi imprescindível que as pessoas que conviviam nos burgos, os até então denominados burgueses, intensificassem suas pequenas trocas, seus comércios locais e com isso, aos poucos no decorrer da história, conseguissem autonomia política e econômica para passarem de meras aglomerações do sistema feudal para a poderosa classe dominante que pendura até os dias atuais.
Dessa forma, a burguesia, assim como explicita Marx e Engels no “Manifesto Comunista”, foi durante um significante período da história pertencente ao lado dos oprimidos. Todavia, ela foi capaz, nos embalos de uma luta de classes, de efetivar seus objetivos e legitimar a formação de um capitalismo industrial extraordinariamente expansionista. O capitalismo fortaleceu-se tanto que todos os setores ao seu redor – o de comunicação, transporte, as relações sociais, a estrutura da família – sofreram nítidas transformações e estabeleceram novos padrões. Eram como poderes de um bruxo que não conseguia mais controlar o efeito de seus feitiços.
O mais descontrolado efeito desse bruxo, que analogicamente pode ser reconhecido como a burguesia, é a opressão e a exploração das classes operárias. O proletariado era escravo da máquina e servo da burguesia. Trabalhava incessantemente para aumentar a produção e recebia uma quantia ínfima para sobreviver. Essa é a lógica do capitalismo industrial que garante uma superprodução e, por conseguinte, o lucro exacerbado da classe burguesa.
É em virtude dessa situação de extrema precariedade que Marx e Engels convocam com euforia e entusiasmo a união global de todos os operários para fazerem o mesmo que a burguesia fez com o feudalismo, e assim, após lutas e embates entre a classe opressora e a classe oprimida garantir que o comunismo se consolide, eliminando as desigualdades sociais advindas com a propriedade privada assegurada pelo liberalismo econômico.

Juliana Galina Soares – Direito diurno. Texto referente à aula 10.

 

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