O
Manifesto Comunista publicado por Karl Marx e Friedrich Engels no ano de 1848 é,
sem dúvida, uma das obras que melhor consegue retratar, de maneira sintética e
com uma linguagem consideravelmente acessível, as diversas contradições do modo
de produção capitalista e elucidar a toda a sociedade civil interessada os
ideais comunistas, além de ser inegavelmente um chamamento eufórico, mas sempre
se valendo da ciência a e da racionalidade, da classe trabalhadora para a
urgente transformação da realidade injusta e exploratória que se vivia na
época.
Uma das abordagens mais interessantes da obra refere-se
ao momento quando Marx trata, de forma um tanto quanto irônica, a temática da
propriedade, deixando claro que, ao contrário do que o limitado pensamento liberal
entende, o comunismo não pretende abolir a propriedade, mas sim a propriedade
burguesa que se apropria do trabalho assalariado do operário e tem por base a
luta de classes, ou seja, a exploração desumana de um homem por outro. Dessa
maneira Marx pretende a abolição do estado de coisas, que torna tudo o que
antes era fruto do trabalho reconhecido do camponês ou artesão e até mesmo os
valores advindos da sociabilidade ao longo de vários anos em produtos, em moeda
de troca! O mais problemático é que os liberais consideram essa abolição como o
fim da individualidade e da liberdade dos indivíduos, mas é de extrema
importância refletir para quem afinal trata-se essa liberdade? Para o operário
que é obrigado a trabalhar mais e mais horas por dia dentro de uma fábrica,
vendendo sua força de trabalho em troca de um salário mínimo que apenas aumenta
o capital do burguês e permite ao operário viver somente o quanto a classe
dominante entende ser necessário e tendo até os seus valores e modo de pensar
determinados pela ideologia burguesa?! Individualidade? Aquela mesma
individualidade burguesa que reduz o operário a mais um instrumento de produção
tal quais as demais ferramentas e maquinarias são dentro do violento processo
produtivo?! O pensamento liberal é mesmo deplorável.
Em uma sociedade que, mesmo estando dois séculos a frente
na linha do tempo da história, continua a produzir e reproduzir desigualdade,
miséria –apesar do desenfreado avanço tecnológico- e exploração, se torna
bastante clara a atualidade do Manifesto e sua importância no processo
emancipatório da classe que, segundo Marx e Engels, possui o futuro em suas
mãos. O Manifesto é a obra que permite que intelectuais e proletariado unam-se em
luta por uma sociedade mais igualitária em oportunidades, mais justa e na qual
um dia o desenvolvimento livre de cada um será a condição essencial para o
desenvolvimento livre de todos.
"À opressão não mais sujeitos! Somos iguais todos os seres. Não mais deveres sem direitos, não mais direitos sem deveres! Bem unido façamos, nesta luta final, uma terra sem amos: a Internacional!"
Amanda D. Verrone - 1º Ano Noturno
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