Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Já estamos condicionados a pensar que quando formos adultos, teremos que trabalhar para nos sustentar e alcançar tudo o que desejamos materialmente. Mas tal ideia nem sempre foi tão natural como a vemos atualmente, pois o trabalho estava relacionado a uma imagem negativa. Aliás, a palavra “trabalho” deriva de “tripalium” – instrumento romano de tortura.

Se pensarmos nos períodos históricos anteriores, observaremos que o trabalho era realizado por escravos na Antiguidade e por servos na Idade Média, ou seja, tratava-se de uma ação desonrosa e, sendo assim, deveria ser praticada por aqueles que tinham menor prestígio social.

Foi somente com o surgimento do Protestantismo que essa concepção mudou. O Protestantismo trouxe consigo uma ideologia que justificava a ação dos homens da época – em que surgia também o mercantilismo - de acordo com os seus preceitos religiosos. Por exemplo, a obtenção do lucro – condenada pela Igreja Católica naquele contexto – passa a ser aceita segundo o Protestantismo, que se apoiava no Princípio da Predestinação, o qual pregava que a graça divina era percebida através da riqueza. Pensando em tal princípio, o trabalho ganha um novo significado: o de que esse liberta, traz prosperidade e, assim, indica a graça de Deus.

Essa nova ética religiosa adequou-se melhor ao novo sistema político-econômico que surgia – o Capitalismo – e conseguiu grande número de burgueses – classe emergente que detinha o poder econômico – como adeptos. Com uma ética religiosa em harmonia com a economia mercantil e pré-capitalista, Weber observou que os países predominantemente protestantes possuíam melhor desempenho com relação à economia e que tal ética muito contribuiu para o desenvolvimento e firmamento do Capitalismo.

Afinal, nos dias atuais, independente da religião que se tenha, dificilmente desvinculamos a ideia de que o trabalho nos emancipa, de que o lucro é necessário ou de que aquele que mais se esforça será, de alguma forma, recompensado. Achamos o fato de trabalharmos para viver (quando o contrário também não acontece) e de presenciarmos bonificações para aqueles que foram considerados como “trabalhadores de destaque” algo completamente natural, sem ao menos pensarmos no surgimento de tal pensamento que hoje já nos é intrínseco. É por esta razão também que há quem diga que hoje somos todos protestantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário