Já estamos condicionados a pensar que quando formos adultos, teremos que trabalhar para
nos sustentar e alcançar tudo o que desejamos materialmente. Mas tal ideia nem
sempre foi tão natural como a vemos atualmente, pois o trabalho estava relacionado
a uma imagem negativa. Aliás, a palavra “trabalho” deriva de “tripalium” –
instrumento romano de tortura.
Se pensarmos nos
períodos históricos anteriores, observaremos que o trabalho era realizado por
escravos na Antiguidade e por servos na Idade Média, ou seja, tratava-se de uma
ação desonrosa e, sendo assim, deveria ser praticada por aqueles que tinham
menor prestígio social.
Foi somente com o
surgimento do Protestantismo que essa concepção mudou. O Protestantismo trouxe
consigo uma ideologia que justificava a ação dos homens da época – em que
surgia também o mercantilismo - de acordo com os seus preceitos religiosos. Por
exemplo, a obtenção do lucro – condenada pela Igreja Católica naquele contexto –
passa a ser aceita segundo o Protestantismo, que se apoiava no Princípio da Predestinação,
o qual pregava que a graça divina era percebida através da riqueza. Pensando em
tal princípio, o trabalho ganha um novo significado: o de que esse liberta,
traz prosperidade e, assim, indica a graça de Deus.
Essa nova ética
religiosa adequou-se melhor ao novo sistema político-econômico que surgia – o Capitalismo
– e conseguiu grande número de burgueses – classe emergente que detinha o poder
econômico – como adeptos. Com uma ética religiosa em harmonia com a economia
mercantil e pré-capitalista, Weber observou que os países predominantemente protestantes
possuíam melhor desempenho com relação à economia e que tal ética muito
contribuiu para o desenvolvimento e firmamento do Capitalismo.
Afinal, nos dias
atuais, independente da religião que se tenha, dificilmente desvinculamos a
ideia de que o trabalho nos emancipa, de que o lucro é necessário ou de que
aquele que mais se esforça será, de alguma forma, recompensado. Achamos o fato
de trabalharmos para viver (quando o contrário também não acontece) e de presenciarmos
bonificações para aqueles que foram considerados como “trabalhadores de
destaque” algo completamente natural, sem ao menos pensarmos no surgimento de
tal pensamento que hoje já nos é intrínseco. É por esta razão também que há
quem diga que hoje somos todos protestantes.
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