Com o fim da Guerra Fria e a rápida globalização, o sistema capitalista adquiriu tamanha complexidade, que hoje, é muito difícil expor qualquer tese a respeito dele. Isso porque, talvez, muitos autores que dedicam linhas a esse assunto estão presos em contextos e conceitos muito antigos. Ou, ainda, em decorrência da falta de sensibilidade que alguns autores apresentam, omissão essa que os impede de perceber como alguns valores que parecem ser parte do sustentáculo do capitalismo podem, facilmente, se permutarem ao longo das páginas da “internet”.
Em contra partida, existem certas obras que conseguiram conceituar, uma ou mais partes, do que entendemos hoje como capitalismo. Dentre essas obras podemos citar a obra mais conhecida do sociólogo alemão Max Weber, a qual recebe a cunha de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Esse livro é de extrema importância para aqueles que buscam entender o sistema mutante em que vivemos.
Weber ao longo de suas premissas vai mostrando ao leitor, como a ética das religiões protestantes foi sendo moldada para fazer parte da ethos do capitalismo. Ethos essa que encontra respaldo dentro das ideias: de Franklin, do rico tio patinhas ou do pobre Julius (pai do Chris na série “Todo mundo odeia o Chris”). Além do mais, Julius e tio Patinhas, são a prova de que essa ética que começou sendo religiosa se espalhou pelos quatro cantos do mundo e das classes, sendo ainda hoje a ética que orienta aqueles indivíduos que buscam aumentar suas riquezas dentro de nossa sociedade.
Todavia é bastante indevido acreditar que essa ethos seja a única dentro de nosso sistema. Uma vez que, se essa fosse à única ethos, como explicaríamos a ideologia consumista que está presente nas músicas “pop” que tanto vendem, como por exemplo, “Party Rock Anthem”?
O fato é que devemos nos utilizar dos ensinamentos de Weber para entendermos uma das facetas do capitalismo, mas que essa faceta não é a única. Aliás, o que torna o capitalismo tão atraente é a sua capacidade de produzir novas ethos a partir de ideias que antes eram contra ele. Pois, o que são as conquistas dos trabalhadores senão a digestão das ideias comunistas pelo capital? E o que é esse gênero “pop” senão a mutação da ideologia de liberdade da época do “On the Road”?
Em suma, se queremos entender o sistema capitalista não basta entender uma parte dele e generalizá-la. É importante, buscar entender todas as partes que vão nascendo enquanto ele se expande. Nesse sentido Weber deu um passo decisivo para a compreensão desse grande mutante, mas um passo ainda distante de ser o último.
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