As religiões protestantes conquistaram tantos seguidores não só pela reforma que elas ofereciam ou pelo descontentamento geral com a igreja católica, mas o "segredo" de seu sucesso foi, principalmente, o fato delas pregarem um estilo de vida que servia perfeitamente com o modo de produção burguês.
O que é melhor para um mundo em plena revolução industrial do que o pensamento "o trabalho é o que dignifica o homem"? Aos poucos a ideia de que somente pelo trabalho se obtém uma vida digna saiu dos sermões calvinistas e, junto com a dinâmica capitalista, tomou o mundo, desprendendo-se de qualquer vinculo religioso.
Hoje em dia a ideia de que o trabalho é o caminho que nos leva à vida que queremos está intrínseca à nossa cultura. Aquele que prefere por não trabalhar ou fazer apenas o suficiente por sua sobrevivência é considerado um "vagabundo", alguém que não se encaixa e não serve para a dinâmica social e econômica da sociedade atual.
O homem deve ser um empreendedor de si mesmo caso queira ser bem visto aos outros. Ele deve saber vender não somente as suas ideias, mas à si mesmo, caso o contrário ele é considerado um fracasso. À ideia de sucesso atrelam-se muitas outras responsabilidades. "É preciso ser inteligente, é preciso ser conhecedor, é preciso saber falar bem, é preciso ser criativo, é preciso ter compromisso, é preciso saber se vestir bem". E quem não segue esse padrão de qualidade "nunca vai ter sucesso na vida".
Não se deseja mais o ser humano perfeito, mas o profissional perfeito.
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