A compreensão sociológica de Max Weber entrou em
conflito com o materialismo dialético de Marx e Engels quando o primeiro autor
criticou a metodologia dos últimos dois. Ao afirmar que a concepção
materialista da história e o “denominador comum” do marxismo eram resultado de
uma necessidade dogmática de encontrar um princípio universalmente válido,
Weber conseguiu desmascarar a desfiguração causada pelo materialismo, que foi e
ainda é considerado em muitos casos um mandamento ético, assim como os
elementos incondicionais de uma religião, e revelou as possibilidades de
aparecimento dos valores culturais, tradicionais e religiosos como
transformadores das ações sociais.
A partir daí, Weber, ao escrever sobre os tipos de
ações humanas relacionadas aos valores, emoções, tradições e objetivos do
homem, conseguiu, na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”
criticar mais uma vez o marxismo, colocando o “espírito da acumulação” como
gerador do capitalismo, sendo assim, uma transformação econômica, que para Marx
seria originada pela constante luta de classes, foi, na verdade, executada por
uma condição de valores humanos, um embate cultural e moral que construiu uma
nova idéia de acumulação de capital.
A abrangência do sentido que Weber empregou às ações
sociais, pautado nos valores culturais e tradicionais, proporcionou um embate
com um dos principais pilares de sustentação do conceito da luta de classes. O
autor expôs que o simples trabalhador possui a oportunidade de crescer dentro
do capitalismo ao se associar com a burguesia, utilizando o sistema capitalista
como veículo de ascensão econômica e social, porém não o fazia porque seus valores
estavam consolidados pela tradição e, principalmente, pela religião, o que não
existe dentro da teoria marxista, já que, segundo esta, a exploração da classe
operária, cenário do famoso mecanismo da “mais-valia”, é fator decisivo de
criação de uma sociedade estamental moderna.
Por fim, pode-se citar que Weber trás a diferenciação
do modo de produção capitalista de quaisquer outros: a racionalização. É este
mais um fator a se adicionar aos conceitos weberianos de transformação pelos
valores humanos, expressão que se concretizou como o instrumento de
desenvolvimento da ética protestante e do espírito do capitalismo.
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