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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Weber e os valores humanos


A compreensão sociológica de Max Weber entrou em conflito com o materialismo dialético de Marx e Engels quando o primeiro autor criticou a metodologia dos últimos dois. Ao afirmar que a concepção materialista da história e o “denominador comum” do marxismo eram resultado de uma necessidade dogmática de encontrar um princípio universalmente válido, Weber conseguiu desmascarar a desfiguração causada pelo materialismo, que foi e ainda é considerado em muitos casos um mandamento ético, assim como os elementos incondicionais de uma religião, e revelou as possibilidades de aparecimento dos valores culturais, tradicionais e religiosos como transformadores das ações sociais.
A partir daí, Weber, ao escrever sobre os tipos de ações humanas relacionadas aos valores, emoções, tradições e objetivos do homem, conseguiu, na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” criticar mais uma vez o marxismo, colocando o “espírito da acumulação” como gerador do capitalismo, sendo assim, uma transformação econômica, que para Marx seria originada pela constante luta de classes, foi, na verdade, executada por uma condição de valores humanos, um embate cultural e moral que construiu uma nova idéia de acumulação de capital.
A abrangência do sentido que Weber empregou às ações sociais, pautado nos valores culturais e tradicionais, proporcionou um embate com um dos principais pilares de sustentação do conceito da luta de classes. O autor expôs que o simples trabalhador possui a oportunidade de crescer dentro do capitalismo ao se associar com a burguesia, utilizando o sistema capitalista como veículo de ascensão econômica e social, porém não o fazia porque seus valores estavam consolidados pela tradição e, principalmente, pela religião, o que não existe dentro da teoria marxista, já que, segundo esta, a exploração da classe operária, cenário do famoso mecanismo da “mais-valia”, é fator decisivo de criação de uma sociedade estamental moderna.
Por fim, pode-se citar que Weber trás a diferenciação do modo de produção capitalista de quaisquer outros: a racionalização. É este mais um fator a se adicionar aos conceitos weberianos de transformação pelos valores humanos, expressão que se concretizou como o instrumento de desenvolvimento da ética protestante e do espírito do capitalismo.

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