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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Irracionalidade do viver



                Podia ser mais uma conversa normal entre amigos no Facebook – se é que se pode dizer o que é normal ou anormal. Porém, há tempos atrás, a conversa despreocupada transformou-se em exposição de opiniões. E, nessa semana, na aula de Sociologia, vi cada palavra daquela conversa ecoar em minha mente. Palavra por palavra...
                A conversa despreocupada sobre atores de filmes de comédia romântica deu lugar, quase que de repente, ao assunto “futuro”. O fato de eu, na época, estar estudando para entrar na faculdade fez com que eu não fizesse apenas argumentações sobre o futuro geral, do país e do mundo. Fez com que, além disso, eu adicionasse expectativas de meu futuro pessoal, principalmente ligadas à carreira profissional.
Sonhos... Sonhos gananciosos. Sonhos fixos. Sonhos metas. Sonhos racionais. Sonhos que externaram a minha preocupação em obter êxito tanto profissional quanto financeiro. Sonhos que levaram o meu amigo perguntar: “O que você espera da vida? Que seu trabalho te defina como pessoa? Por que você não vai ter longas caminhadas descalça na praia com a brisa do mar batendo no seu rosto?”.
                Era madrugada e meus pensamentos que já não estavam fluindo com tanta rapidez se emaranharam. Eu, naquelas palavras, de forma até inconsciente, tinha sido a personificação do que tratamos na última aula de Sociologia. Eu queria trabalho, sucesso e dinheiro. Nem que, para isso, eu tivesse que, se não deixar de usufruir meu tempo de forma mais prazerosa, ao menos limitá-lo. Racionalizá-lo, como já dizia Weber. Racionalizá-lo da mesma forma que os protestantes calvinistas pregavam na época de consolidação do capitalismo e que se tornou, posteriormente, uma ética universal.
                Racionalização do tempo. Racionalização da vida, porém irracionalidade do viver. Muitos de nós ainda hoje vivemos não com o objetivo de aproveitar o que conseguimos, e sim com o de trabalhar para tentar mostrar à sociedade nosso caráter, mesmo sabendo que não somos definidos apenas com esse fator. E mais: não só somos levados a esse comportamento como, por sermos taxados negativamente se agirmos diferente, dificilmente fugimos desse padrão. E assim, muitas vezes, limitamos nosso viver.

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