Podia
ser mais uma conversa normal entre amigos no Facebook – se é que se pode dizer
o que é normal ou anormal. Porém, há tempos atrás, a conversa despreocupada
transformou-se em exposição de opiniões. E, nessa semana, na aula de Sociologia,
vi cada palavra daquela conversa ecoar em minha mente. Palavra por palavra...
A
conversa despreocupada sobre atores de filmes de comédia romântica deu lugar,
quase que de repente, ao assunto “futuro”. O fato de eu, na época, estar estudando
para entrar na faculdade fez com que eu não fizesse apenas argumentações sobre
o futuro geral, do país e do mundo. Fez com que, além disso, eu adicionasse
expectativas de meu futuro pessoal, principalmente ligadas à carreira
profissional.
Sonhos... Sonhos gananciosos.
Sonhos fixos. Sonhos metas. Sonhos racionais. Sonhos que externaram a minha
preocupação em obter êxito tanto profissional quanto financeiro. Sonhos que
levaram o meu amigo perguntar: “O que você
espera da vida? Que seu trabalho te defina como pessoa? Por que você não vai
ter longas caminhadas descalça na praia com a brisa do mar batendo no seu rosto?”.
Era
madrugada e meus pensamentos que já não estavam fluindo com tanta rapidez se
emaranharam. Eu, naquelas palavras, de forma até inconsciente, tinha sido a
personificação do que tratamos na última aula de Sociologia. Eu queria
trabalho, sucesso e dinheiro. Nem que, para isso, eu tivesse que, se não deixar
de usufruir meu tempo de forma mais prazerosa, ao menos limitá-lo.
Racionalizá-lo, como já dizia Weber. Racionalizá-lo da mesma forma que os
protestantes calvinistas pregavam na época de consolidação do capitalismo e que
se tornou, posteriormente, uma ética universal.
Racionalização
do tempo. Racionalização da vida, porém irracionalidade do viver. Muitos de nós
ainda hoje vivemos não com o objetivo de aproveitar o que conseguimos, e sim
com o de trabalhar para tentar mostrar à sociedade nosso caráter, mesmo sabendo
que não somos definidos apenas com esse fator. E mais: não só somos levados a
esse comportamento como, por sermos taxados negativamente se agirmos diferente,
dificilmente fugimos desse padrão. E assim, muitas vezes, limitamos nosso
viver.
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