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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ser não é ter

“Tempo é dinheiro”, ”dinheiro gera dinheiro”; essas afirmações, citadas por Max Weber no capítulo “O Espírito do Capitalismo”, estão extremamente presentes no dia a dia dos cidadãos contemporâneos. A sociedade atual está plenamente aderida ao modo de vida capitalista. A valorização do trabalhador, não a do trabalho, é uma característica crescente no Brasil.
     Não se valoriza o trabalho em si no Brasil devido a razões históricas. Países que foram colônias e que viveram a realidade da escravidão veem no trabalho algo negativo e, acabam por valorizar o ócio; como é o caso do Brasil, que inclusive tinha seu povo visto como o povo da “vadiagem”.
Vargas, em sua gestão, achou ser importante reverter essa visão do povo brasileiro, e passou a incentivar o Brasil a criar uma imagem de trabalhador em prol da nação, da economia nacional e da individual de cada cidadão.
     Criada essa valorização do trabalhador, os brasileiros passaram a associar o trabalhador ao bom cidadão; associar trabalho a caráter. Essa associação, porém, é equivocada. Não necessariamente aquele que é desempregado não “presta” , ou o trabalhador é uma boa pessoa. Juntamente à valorização do trabalhador, surgiu um repudio ao desempregado; é como se o fato de trabalhar servisse de escape pra situações ruins.
     Um cidadão rouba alimentos no supermercado, e quando é pego pela polícia alega com forte argumento: “Sou trabalhador, sou pai de família; mas estou sem dinheiro” ; pronto, é como se amenizasse a sua culpa pelo ato. De fato, já enraizou-se no Brasil essa valorização do trabalhador.
     Essa imagem porém, ainda é de certo modo preconceituosa. Por exemplo; uma moça vai apresentar o namorado aos pais, logo o pai pergunta: “O que você faz da vida?” esperando por uma resposta dizendo que tem um bom emprego, se a resposta não é a desejada o pai já diz que o rapaz é “vagabundo” e por aí vai. Mas, se é o homem quem vai apresentar a namorada à família, essa pergunta não será a principal; certamente o pai estará mais interessado na aparência da moça ou outros atributos do que o cargo que esta venha a desempenhar.
     Enfim; o caráter vai muito além do que o cargo que a pessoa exerce, não se pode mensurar algo imensurável. O trabalho só irá resultar em dinheiro; o que se deve esperar de alguém não é um valor monetário, mas sim um valor ético.

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