Há quem diga que a felicidade possa ser comprada, que esta e dinheiro seriam sinônimos. Porém, pelo menos no que se indica no espírito do capitalismo, não há nada que comprove essa máxima, ou, pelo menos, a presença de uma relação entre esses dois fatores.
A classe social típica desse modelo econômico, a burguesia, demonstra, pelo menos no início de sua existência, a falta de relação entre o "aproveitar a vida" e o espírito do capitalismo. O burguês tinha piscina em casa, mas não a usava, não tinha tempo. Ele podia até ter um campo de golfe em seu quintal, mas não tinha tempo para jogar.
Um grande fator que disseminou toda essa cultura de trabalho direcionado à acumulação de capital foi a ética protestante que não tinha o sentido não de uma forma de escapar o controle religioso sobre a vida social, mas de fazê-lo mais rigoroso e estendê-lo a todas as instâncias da vida. Os protestantes mudaram a visão de conformação de mundo, para de dominsção do mundo; ou seja, os homens deixam de se dedicar à vida eterna e passam a se dedicar à vida mundana.
Esse protestantismo ascético, junto com todo o processo de racionalização necessário para o sucesso do capitalismo construiu todo esse aparato atual que mantém as pessoas sempre insatisfeitas com o que tem, já que acumular capital liga-se à ideia de virtude e eficiência; e acumulação nunca tem fim.
Portanto, o espírito do capitalismo não inclui o "aproveitar a vida", mas sim o trabalho árduo e próprios do ascetismo da ética protestante; ou seja a busca pela acumulação de riquezas, nunca sendo o suficiente, nunca sendo completo, nunca trazendo a felicidade verdadeira. Não dá tempo.
Murilo Thomas Aires
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