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segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

Fica evidente Em A Ética Protestante e o Espírito Capitalista de Max Weber, que a burguesia ao instituir seu sistema não fez só uma Revolução econômica e política, mas para a manutenção desse poder fez uma Revolução Cultural capaz de enraizar valores antes ignorados pelos indivíduos e modificar a essência de algumas virtudes. Por exemplo, a honestidade recebeu importância por assegurar o crédito. Na Grécia Antiga dava-se muito valor ao ócio que possibilitou a criação da Democracia, que mais tarde com alguns valores modificados foi incorporada pelo Capitalismo. No entanto esse sistema colocou o ócio como pecaminoso e deu um valor extremo à racionalização da vida, do tempo instaurando uma ética do trabalho que deveria ser seguida por todos sob pena de exclusão social.
Weber ao analisar a valorização do “FAZER DINHEIRO” me faz lembrar  a imagem dos milhares de retirantes nordestinos- retratados por Portinari e Graciliano Ramos em suas obras - que deixaram suas terras, abandonaram suas antigas vidas para, em busca do “FAZER A VIDA”, procurarem melhores condições de sobrevivência nos grandes centros urbanos. E é ai que o capitalismo se mostra cada vez mais maquiavélico, pois com a ajuda de uma indústria da seca consegue aliciar aquelas vítimas do sertão para que trabalhem em suas indústrias, ou seja, se mostra eficaz quando o assunto é racionalizar...racionalizar tempo, trabalho, sonhos  e até a seca. Aliás tudo isso a propaganda de um modo de vida que deve ser tomado como ideal. Esses milhares de Fabianos passam a trabalhar mais e mais e mais, o suor de suas caras constrói grandes metrópoles com todas as inovações que as cidades devem ter. Contudo a situação cotidiana em suas casas não muda, permanecem a fome, a humilhação ( não mais de um senhor de terras, um coronel, mas agora de um senhor da cidade); continuam a viver sem condições mínimas de saneamento. Os meninos não frequentam uma escola, se educam nas ruas, Sinhá Vitória continua sem a sonhada cama de couro, sem conforto e Fabiano continua a ser visto como um animal, não só por si mesmo mas agora por toda uma sociedade urbana e, definitivamente, isso não é positivo mais. Não há para onde fugir, as garras do homem ganancioso, seja ele um grande latifundiário ou seja ele um grande burguês, sempre vão lhe alcançar.
Jéssica Thais de Lima

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