Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come
Fica evidente Em A Ética Protestante e o Espírito
Capitalista de Max Weber, que a burguesia ao instituir seu sistema não fez só
uma Revolução econômica e política, mas para a manutenção desse poder fez uma Revolução
Cultural capaz de enraizar valores antes ignorados pelos indivíduos e modificar
a essência de algumas virtudes. Por exemplo, a honestidade recebeu importância
por assegurar o crédito. Na Grécia Antiga dava-se muito valor ao ócio que
possibilitou a criação da Democracia, que mais tarde com alguns valores
modificados foi incorporada pelo Capitalismo. No entanto esse sistema colocou o
ócio como pecaminoso e deu um valor extremo à racionalização da vida, do tempo
instaurando uma ética do trabalho que deveria ser seguida por todos sob pena de
exclusão social.
Weber ao analisar a valorização do “FAZER DINHEIRO” me faz
lembrar a imagem dos milhares de
retirantes nordestinos- retratados por Portinari e Graciliano Ramos em suas
obras - que deixaram suas terras, abandonaram suas antigas vidas para, em busca
do “FAZER A VIDA”, procurarem melhores condições de sobrevivência nos grandes
centros urbanos. E é ai que o capitalismo se mostra cada vez mais maquiavélico,
pois com a ajuda de uma indústria da seca consegue aliciar aquelas vítimas do
sertão para que trabalhem em suas indústrias, ou seja, se mostra eficaz quando
o assunto é racionalizar...racionalizar tempo, trabalho, sonhos e até a seca. Aliás tudo isso a propaganda de
um modo de vida que deve ser tomado como ideal. Esses milhares de Fabianos
passam a trabalhar mais e mais e mais, o suor de suas caras constrói grandes
metrópoles com todas as inovações que as cidades devem ter. Contudo a situação
cotidiana em suas casas não muda, permanecem a fome, a humilhação ( não mais de
um senhor de terras, um coronel, mas agora de um senhor da cidade); continuam a
viver sem condições mínimas de saneamento. Os meninos não frequentam uma
escola, se educam nas ruas, Sinhá Vitória continua sem a sonhada cama de couro,
sem conforto e Fabiano continua a ser visto como um animal, não só por si mesmo
mas agora por toda uma sociedade urbana e, definitivamente, isso não é positivo
mais. Não há para onde fugir, as garras do homem ganancioso, seja ele um grande
latifundiário ou seja ele um grande burguês, sempre vão lhe alcançar.
Jéssica Thais de Lima
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