Carpe Vitae
Protestante
Ao
contrário de sua irmã, da qual se originou, a principal diferença da igreja
Protestante para a Católica é que a primeira muda principalmente o foco sobre a
divindade da vida terrena e da espiritual. Na Católica, a vida espiritual
estava em orações e cânticos e a vida material servia como o lastro de um navio
a afundar e impedir o pleno desenvolvimento espiritual de seus fiéis. A visão
escatológica de mundo Católica não criava desejos de luxo, mas de uma vida de
humildade a ser recompensada no céu. Por outro lado, a Protestante usa da
dignação e exaltação do trabalho e dos dons herdados, como canto, habilidades
manuais, talentos possuídos e úteis como presentes divinos que devem ser
agradecidos. O trabalho é então produto de Deus e um meio de se aproximar a
Ele. A riqueza é a recompensa pelo espírito empreendedor nos negócios e
comedido na vida privada.
O
capitalismo por ter surgido na Europa, devido principalmente ao continente ter
passado por eventos históricos peculiares como a presença de reinos
fragmentados, principados e ducados, suas rotas de comércio, o desenvolvimento
manufatureiro e a necessidade da estabilização de preços de produtos idênticos
em lugares variados criou o princípio da inflação e o que veio a ser a
economia-mundo capitalista. Nesta há o foco no trabalho e no dinheiro.
Diferente do passado quando havia a troca e a barganha, agora tudo dependia da
força ilusória ou real de uma moeda.
Dessa
forma, a cultura Protestante, principalmente a Calvinista, com seu foco e seu
apoio irrestrito à obtenção de dinheiro e ao trabalho impulsiona seus fiéis a
encontrar um meio pelo qual o trabalho, os produtos e os serviços se tornam
mercadorias ao invés de serem instrumentos da subsistência como ocorria na alta
idade média. Assim, a religião que induz seus praticantes a valorizar a vida na
terra, e as maravilhas as quais esta pode proporcionar (como os produtos que
chegam pelo mediterrâneo) cria o ambiente perfeito para o desenvolvimento de
uma economia globalizada, unida e baseada no poder da moeda, trabalho e consumo.
Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.
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