Racionalização inversa
Racional: que tem a faculdade de
raciocinar; conforme à razão, razoável, lógico.
Justamente pelo fato de o
homem ser racional explica-se o porquê de se seguir um padrão de conduta,
talvez até mesmo sem questionamentos. Trata-se apenas de seguir o fluxo
contínuo da humanidade, dos seus semelhantes: roupas iguais à todos, mesmos
padrões comportamentais, mesmos pensamentos. E assim se segue a vida, a morte e
futuras gerações.
O estranho mesmo é estar
dentro de toda essa ética comum a todos, todos esses comportamentos e se
estudar sobre isso, questionar. Você sempre fez parte desse todo, e tentar
compreender justamente o porquê você segue ou porque nunca se questionou é
muito estranho.
É como se fosse necessário que todos
os seres humanos, com a mesma ética, tivessem de ser acordados ao som da
seguinte voz: “O negócio é o seguinte, você é racional, não questiona o mundo a
sua volta, apenas tem que se manter nesse mundo, consumindo, trabalhando,
acumulando dinheiro. Já pensou se parasse de trabalhar? Se pudesse fazer o que
realmente gosta? Se pudesse viajar para onde quiser? Por que não pode? Por que
não tenta?.”
Entretanto, a resposta mais
provável que seria dada: “Não posso largar tudo, essa é minha vida, meu viver,
meu cotidiano, tenho família, filhos.”.
Toda essa conduta metódica,
de se ter um cotidiano, e manter-se assim por toda uma vida, não mudará. A
questão que foi colocada não é a mudança física, e sim a mudança nos
pensamentos. O pensar, repensar. Repensar sua vida, repensar suas ações. Por
que age de tal forma? Por que está em consenso com tudo? A questão era E SE, e
não FAÇA.
Voltando-se a ideia do ser
racional. Racional seria aquele que produz para sua própria manutenção, e não o
que produz para acumular. Aquele que vive bem e saudável e não o que está
doente por causa de problemas causados justamente por trabalhar tanto. Racional
aquele que não massacra seus semelhantes só para possuir mais, e sim o que vive
em harmonia. Racional o que questiona, é razoável. Percebe-se então que essa
extrema racionalização da vida, do homem, faz do homem não tão racional assim,
ao contrário, ela “desracionaliza” o homem, transformando-o em até mesmo
irracional, que age conforme instintos criados, e esquece o que é ser humano.
Trata-se de uma ética que
não é racional, ela destrói, ao invés de construir, ela prende ao invés de
libertar pensamentos. E bem, essa ética é a que se segue pelo sistema conhecido
como capitalismo, é segundo Weber “O espírito do capitalismo”, é justamente o
que caracteriza o próprio capitalismo, é ele que molda vidas, costumes, e até
mesmo culturas.
Júlia Godoi Rodrigues
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