“Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas
mãos.”
Com a nova
lógica capitalista, a classe dominante passou a desejar acumular apenas por
acumular e, para garantir que seu lucro sempre aumentasse, criou alguns mecanismos
de dominação. Um deles foi impor a ideia de que o trabalho dignifica o Homem.
Assim, desde
pequenos, somos forçados a acreditar nos bordões capitalistas aliados à logica
protestante, como “Deus ajuda quem cedo madruga” e “tempo é dinheiro”. Podemos
perceber isso pelo fato de que, se ficamos um dia sem estudar ou trabalhar, observando
a natureza, nossa mente cria o chamado “peso na consciência” e nos sentimos mal
por aproveitar a – efêmera – vida. Se alguém querido nos chama para sair, não
podemos, porque o outro dia é “dia de branco”. Se somos convidados a observar
as estrelas e a lua, me desculpe, deixemos para outro dia, tenho que estudar! E
assim, sucessivamente, a vida vai se esvaindo, como areia entre os dedos.
Há um relato de
Jean de Léry no qual um índio tupinambá questiona o porquê de o Homem branco se
esforçar tanto para trabalhar e acumular riquezas. “Esse Homem não morre?”
indagou o índio. Devemos nos fazer a mesma indagação. Esforçamo-nos tanto para
trabalhar em nome de um futuro – que nunca chega – melhor, que nos esquecemos
de que um dia morreremos e então, em nome do interesse de mais-valia, teremos deixado
de aproveitar a vida, que é única!
É claro que
isso não significa deixar de trabalhar, afinal, temos que sobreviver. Mas será
que vale a pena fazer horas extras, trabalhar nos finais de semana e levar trabalho
para casa em nome do interesse dominante? Certamente, não queremos propor uma
solução simplista para este assunto, que exige um estudo muito mais
aprofundado. O que se pretende aqui é deixar um gancho para que pensemos em não
nos preocupar tanto em gerar lucro para os outros, mas aproveitar a vida,
porque ela passa. E rápido. A cada minuto, nos aproximamos mais da morte. Tempo
não é dinheiro, é vida!
Devemos,
portanto, a princípio, começar a nos preocupar mais em passar mais tempo ao
lado daqueles que amamos e aproveitar o que a vida tem a nos oferecer. Afinal,
como diria Lulu Santos, “não há tempo que volte, amor!”.
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