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domingo, 21 de abril de 2019

O mongolóide positivado

Olavo de Carvalho, em seu livro "O Imbecil Coletivo" (mais especificamente na parte "Mentiras Gays"), faz suas considerações sobre o contexto atual das relações sociais que compreendem os indivíduos homossexuais. Assim como em uma versão chula de Rousseau ao descrever a origem da desigualdade, Olavo se afasta dos fatos e faz suas considerações acerca do assunto baseadas completamente em sua própria opinião, o que se mostra bem contraditório por si só, já que o mesmo condena a "argumentação enviesada" dos homossexuais. 
Olavo faz afirmações sobre a sexualidade de personalidades famosas, tais como Calígola, Lord Byron e Mao Tsé-Tung e, através disso, percebe-se seu caráter positivista, já que faz alegações fortes para positivar seu pensamento. Porém, afirmações essas com base histórica quase que nula e validade duvidosa, o que nos conduz a relativizar sua posição dentro da escola positivista.
É o mais temível atentado contra a dignidade da inteligência humana que já se cometeu desde o advento das teorias racistas. - Olavo de Carvalho
Essa sentença mostra, talvez, a ingenuidade do autor em pensar estar muito longe do desrespeito das teorias racistas, já que, de forma hipócrita, está teorizando a homofobia. Surge o questionamento: no futuro, as teorias olavianas serão equiparadas às racistas?
O autor também se vale de termos completamente descabidos, tais como: "Homossexualismo", palavra essa que denota enfermidade (devido ao seu sufixo "ismo"), e "Opção Sexual", expressão que já caiu no desuso devido ao entendimento de que sexualidade não é algo que se pode escolher, sendo o termo "orientação sexual" mais adequado. Olavo deveria, ao menos, utilizar-se dos termos corretos e, para isso, aprofundar-se no assunto que tem a pretensão de tratar sobre.
Além disso, Olavo revela suas estratégias argumentativas com relativa facilidade: ao valer-se de xingamentos, como "mongolóide", o autor mostra sua incapacidade em manter a civilidade da argumentação para desestabilizar os ofendidos.
Por fim, os próprios positivistas ficariam abismados em classificar Olavo de Carvalho como um pensador de sua escola. Os positivistas faziam afirmações, mas para isso se valiam de experimentações e formas de comprovação, considerando seu desejo de afastar o dogmatismo e o pensamento metafísico. Olavo faz sim várias afirmações, porém quase todas são arbitrárias e inverossímeis, além de recheadas de dogmatismo e de seu próprio viés preconceituoso e antiquado.

Leonardo de Paula Barbieri
1º ano - matutino

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