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domingo, 21 de abril de 2019

A Distorção de Comte por Olavo de Carvalho


           No século XIX na Europa, mais especificamente em Paris, Auguste Comte elaborou a teoria positivista, que tinha como principal objetivo compreender a sociedade que está sempre em mutação, ele desejava criar uma ciência que fosse tão exata quanto a que Bacon empregava. Esse pensamento foi arquitetado durante a revolução industrial, que levou a uma intensa transformação, mudando a estrutura do corpo social. Dessa maneira, o positivismo surge como um embrião da ciência social, que tenta a partir das leis imutáveis guiar o coletivo para o desenvolvimento. 
            A partir dessas reflexões, diversos outros princípios foram estipulados. Muitos autores contemporâneos buscam basear seus fundamentos e pensamentos na teoria de Comte, entretanto, por causa do contraste entre as épocas, os ideias positivistas originários podem ser deturpados. Olavo de Carvalho, por exemplo, recorreu-se a doutrina de Auguste Comte para formular suas teses, todavia, há certos anacronismos e temáticas que não foram estipuladas pelo filósofo do século XIX.
            De acordo com Olavo de Carvalho, no seu texto “Mentiras Gays” que está incorporado no livro “O Imbecil Coletivo”, o autor pretende a partir dos preceitos positivistas compor uma proposição na qual ele inferioriza os homossexuais, afirmando que trata-se apenas de desejo e não de necessidade, além de situar os heterossexuais como as reais vítimas desse movimento gay, já que são eles que sustentam as comunidades. Ademais, através de fatos históricos, o professor aponta alguns tiranos homossexuais e com isso ele tenta comprovar que as pessoas gays nunca sofreram com preconceitos, já que elas já ocuparam cargos de grande prestígio. Essa falácia, contudo, apenas generaliza o que é minoritário e não refuta a marginalização dos homossexuais que é nítida e comprovada na atualidade.
            Por fim, percebe-se que na composição de Carvalho há princípios da física social, como o de procurar analisar os comportamentos humanos de forma crítica para apaziguar a anarquia social. No entanto, Olavo de Carvalho se utiliza dessas noções e as aplica em casos raros e isolados, isso faz com que pareça que não há discriminação contra a população homossexual, mas que há uma grande democracia, em que todos são respeitados igualmente e que os gays almejam privilégios e não equidade. Portanto, fica explícito que o trabalho proposto pelo jornalista é uma forma corrompida do positivismo apresentado por Comte, já que a realidade social de violência contra a comunidade LGBT não é relatada.

Laura Santos Pereira de Castro
Período: Matutino 

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