No século XIX na
Europa, mais especificamente em Paris, Auguste Comte elaborou a teoria
positivista, que tinha como principal objetivo compreender a sociedade que está
sempre em mutação, ele desejava criar uma ciência que fosse tão exata quanto a
que Bacon empregava. Esse pensamento foi arquitetado durante a revolução
industrial, que levou a uma intensa transformação, mudando a estrutura do corpo
social. Dessa maneira, o positivismo surge como um embrião da ciência social,
que tenta a partir das leis imutáveis guiar o coletivo para o
desenvolvimento.
A partir dessas reflexões, diversos outros princípios
foram estipulados. Muitos autores contemporâneos buscam basear seus fundamentos
e pensamentos na teoria de Comte, entretanto, por causa do contraste entre as
épocas, os ideias positivistas originários podem ser deturpados. Olavo de Carvalho,
por exemplo, recorreu-se a doutrina de Auguste Comte para formular suas teses,
todavia, há certos anacronismos e temáticas que não foram estipuladas pelo
filósofo do século XIX.
De acordo com Olavo de Carvalho, no seu texto “Mentiras
Gays” que está incorporado no livro “O Imbecil Coletivo”, o autor pretende a partir
dos preceitos positivistas compor uma proposição na qual ele inferioriza os
homossexuais, afirmando que trata-se apenas de desejo e não de necessidade,
além de situar os heterossexuais como as reais vítimas desse movimento gay, já que
são eles que sustentam as comunidades. Ademais, através de fatos históricos, o
professor aponta alguns tiranos homossexuais e com isso ele tenta comprovar que
as pessoas gays nunca sofreram com preconceitos, já que elas já ocuparam cargos
de grande prestígio. Essa falácia, contudo, apenas generaliza o que é
minoritário e não refuta a marginalização dos homossexuais que é nítida e
comprovada na atualidade.
Por fim, percebe-se que na composição de Carvalho há
princípios da física social, como o de procurar analisar os comportamentos
humanos de forma crítica para apaziguar a anarquia social. No entanto, Olavo de
Carvalho se utiliza dessas noções e as aplica em casos raros e isolados, isso
faz com que pareça que não há discriminação contra a população homossexual, mas
que há uma grande democracia, em que todos são respeitados igualmente e que os
gays almejam privilégios e não equidade. Portanto, fica explícito que o
trabalho proposto pelo jornalista é uma forma corrompida do positivismo
apresentado por Comte, já que a realidade social de violência contra a
comunidade LGBT não é relatada.
Laura Santos Pereira de Castro
Período: Matutino
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