A Ciência Positivista seria aquela que busca descobrir as leis efetivas dos fenômenos, isto é, suas relações invariáveis de sucessão e similitude. Afirma Auguste Comte que sua ciência é aquela que estabelece "o real frente ao quimérico, o útil frente ao inútil, o certo frente ao incerto". Porém, até que ponto esse modo de posicionamento é verossímil à realidade que aborda? Quero dizer, será que essa ciência proposta por Comte e adotada por diversos pesquisadores não objetivaria apenas reduzir a realidade àquilo que de primeiro relance aparenta ser, subvertendo fatos importantes mesmo que estes sejam de fácil compreensão? Seria o positivismo, então, a Ciência do 'querer ser' e não do 'ser de fato'?
A teoria Positivista encontrou em Olavo de Carvalho um de seus grandes adeptos. A problemática acima apontada recebe resposta na forma de pensar desse estudioso acerca do tema homossexualidade, compilada na obra intitulada "Mentiras Gays", pertencente ao livro O Imbecil Coletivo (Atualidades Inculturais Brasileiras). Ao abordar as relações homoafetivas e heteroafetivas como frutos de leis físico-naturais, uma extrema generalização é cometida por Carvalho, sendo que ele as fundamenta da seguinte forma: "ou o homossexualismo é uma opção, revogável a qualquer momento por um ato de vontade, ou o contrário, uma privação da capacidade heterossexual".
Em vista disso, o anseio positivista por leis gerais dos fenômenos levou Olavo de Carvalho a um equivocado entendimento sobre a sexualidade existente a sua volta. Generalizou-se o que é relativo, simplificou-se o complexo, impôs mais preconceito ao que já é envolvido por severos tabus. A busca pelo entendimento da homossexualidade - pela ótica de Carvalho - desencadeou o que se conhece pelo errôneo nome 'homossexualismo', dotado de caráter patológico, discriminatório e infeliz.
Sustentado pela máxima comtiana "ordem e progresso", Olavo se perde entre o teor estático do primeiro substantivo e o teor dinâmico do segundo. Mais fácil foi se encontrar no que lhe conveio, nas mentiras longínquas acerca do assunto, deixando verdades e casos concretos ao logo do caminho do saber, tomando como rumo não o 'ser de fato' que abrange a sexualidade dos indivíduos, mas o 'querer ser' próprio de Carvalho, em seu auge positivista, assumindo a carapaça do PRECONCEITO, que se atenta aos fins, mas raramente aos meios; e que se contradiz ao pregar constantemente a desordem e o retrocesso.
Marco Alexandre Pacheco da Fonseca Filho - Direito Matutino
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